Obras do acaso, na minha observação de artista plástica, dificilmente resultam em algo surpreendente e perfeito. Minha professora de pintura costumava dizer que a verdadeira arte é feita com conhecimento, técnica e grande esmero.
Ao ter uma ideia, por exemplo, das dimensões do Universo, do número de estrelas e galáxias, do movimento harmônico e exato dos astros, só posso pensar que tudo isso é fruto de uma Sabedoria infinita.
Observando em nosso planeta o reino mineral, com suas formações magníficas, com os mais variados elementos químicos e os benefícios que nos
trazem, só posso pensar ser fruto de um Grande Amor.
O que dizer do reino vegetal, que oferece os mais raros prazeres aos nossos sentidos? As flores, das mais variadas formas, cores e perfumes. As frutas, com seus sabores únicos e diferentes propriedades nutricionais. Os legumes, as verduras, as folhas para fazermos os chás, as madeiras para construirmos nossas casas, nossos móveis… Só posso pensar ser fruto de um grande Bem, de uma grande Generosidade.
No reino animal podemos identificar também a presença do Criador. Nosso cachorrinho nos recebe com carinho sempre que chegamos em casa e em todas as manhãs ao nos levantarmos. Sua presença ao nosso lado, com seu pelo macio como seda, seus olhos meigos de jabuticaba, nos mostra com eloquência a delicadeza do Criador.
O que dizer então do ser humano? Um organismo físico feito com os mais refinados detalhes, uma capacidade sensível e inteligente com possibilidades infinitas de desenvolvimento. Acima de tudo, um espírito de essência eterna. Quanta paciência, quanto amor e amplidão foram necessários ao Criador no processo de formação do ser humano, que ainda é apenas um fragmento de uma figura incompleta e que deverá, ao final, identificar-se com o Criador!
Com os estudos logosóficos, tenho buscado não uma imagem física e acabada do Criador, mas uma imagem dos valores que Ele possui e demonstra em Sua Criação. Penso que esses valores me indicam a direção que devo seguir para alcançar a união, a paz, a felicidade, o eterno.
Podemos observar cada um desses valores – a sabedoria, o amor, o bem, a generosidade – numa escala infinitamente menor, em alguns seres humanos. Isso nos mostra que também temos a possibilidade de desenvolvê-los de forma ampla e eterna, completando nosso verdadeiro arquétipo humano.
Com o propósito de cultivar o amor, dediquei-me ao seu estudo com especial atenção. O que a Logosofia ensina sobre o amor é tão grande, tão profundo, que seu cultivo requer decisão, dedicação, conhecimentos e esforço consciente.
Tem ele que possuir o hálito da perpetuidade, senão é um mero engano. Requer convicções profundas, paciência, tolerância, constância, abnegação, sacrifícios…
Aos poucos, vou desenvolvendo minha capacidade de amar: amar a vida, as pessoas que estão vinculadas a ela, a natureza e inclusive a humanidade.
Tudo se torna muito diferente quando fazemos as coisas com amor, quando fazemos pequenas coisas pensando nas pessoas queridas.
Nas férias, fui passar alguns dias na fazenda da minha família. Planejei alguns pratos que queria preparar para meus irmãos e levei os ingredientes
necessários. Cada dia, convidava outras pessoas da família para almoçar. Preparava a comida com carinho e alegria e me sentia muito feliz com a
oportunidade de estar junto a eles, de lhes oferecer minha atenção, exercitando um pouco a generosidade e o amor.
Vivi outras situações, em que procurei atuar com generosidade e amor. Observei que cultivar esses valores, além de me causar uma grande satisfação interna, é uma forma de fortalecer os vínculos que me unem às pessoas, deixando uma parte de minha vida na vida delas e semeando o futuro com felizes recordações.
Assim como a minha vida não é obra do acaso, penso que o Universo também não deve ser. Estou comprovando que, para a minha vida ser ampla e feliz, devo cultivar, de forma constante e consciente, divinos valores.
Um pensamento de Eliane Maia