A revista ‘Catolicismo’, através do Cônego José Luiz Villac, respondeu a um leitor que perguntou se um rico pode passar pelo buraco da agulha e ir para o céu. Eis a resposta:
“Havia em Jerusalém uma porta tão estreita e tão baixa, que os camelos não podiam passar por ela sem que lhes fosse retirada toda a carga e, ainda assim, lhes era preciso abaixar-se e passar quase de rastos. Chamavam-na ‘Porta da Agulha’, daí vem o provérbio de que se serve Jesus: ‘Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no Reino dos Céus. Digo-vos mais: é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino dos Céus’ (Mt 19, 23-24).”
E continuou o cônego:
“É certo, pois, que os ricos que empreguem bem suas riquezas, conformando-se aos Mandamentos e à vontade de Deus, podem perfeitamente salvar-se. É o caso de lembrar que Nosso Senhor freqüentava a casa de Lázaro, que era rico, e o considerava como amigo. E uma das figuras exponenciais em santidade do Antigo Testamento, o Patriarca Abraão, era não só rico, mas riquíssimo.
Tal é porém o apego dos homens aos bens desta terra – não só dos ricos, mas muitas vezes dos que pouco possuem – que desapegarmo-nos deles é um verdadeiro prodígio da graça, que só Deus pode operar.”
Querido amigo, na resposta do cônego Villac, acho que ficou claro que as riquezas não são um mal em si, mas possuem o perigo de prender os corações dos ricos demasiadamente a elas. Quando isso ocorre, os afortunados deixam de salvar as próprias almas porque se fazem de surdos ao serem chamados para a construção do Reino de Deus. Portanto, todo aquele que não se despoja das afeições desregradas neste mundo e não busca um espírito de pobreza – o desapego de bens materiais -, dificilmente ganhará o céu.
Agora, você poderá estar refletindo: ‘Eu conheço uma pessoa que só pensa em luxo e dinheiro. Essa, quando morrer, coitada!’. Mas, antes de julgar alguém, lembre-se que faz parte da sua missão cristã alertar as ‘ovelhas desgarradas’ do mal que lhes espera se continuarem fora dos caminhos do bem, da verdade e do amor. E não pense que isso é impossível, porque muitos ‘poderosos’ se converteram e perseveraram na fé até ganharem o céu.
Sabemos que a fé e a caridade nos encaminham para a salvação, mantendo acesa a chama da esperança em nossos corações – que nos leva a buscar as graças necessárias para perseverarmos no amor de Deus.
Disse São Paulo aos Hebreus: “Sem a fé é impossível agradar a Deus”.