SÃO PAULO (Reuters) – Após reunião com o governo nesta sexta-feira, a indústria automotiva prevê uma maior atuação dos bancos estatais na oferta de financiamento à venda de veículos novos e usados para o consumidor final.
O setor também espera que o aperto na liquidez, provocado pela crise financeira internacional, também deve começar a ser solucionado a partir da semana que vem –com a efetividade das medidas recentes que alteraram os depósitos compulsórios por parte dos bancos e liberaram recursos para a economia real.
“Os bancos públicos podem liberar recursos no sentido de passarem a financiar mais ativamente esse mercado, passarem a trabalhar com bancos que já trabalham historicamente nesse mercado”, afirmou a jornalistas Jackson Schneider, presidente da Anfavea, associação que reúne as montadoras de veículos.
O executivo esteve reunido com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e com presidentes das principais montadoras.
“Alguma coisa começa a ter efeito em relação aos empréstimos compulsórios que foram liberados para a economia em geral. A gente espera que algum efeito comece a acontecer já na semana que vem”, acrescentou.
Schneider mencionou a atuação de instituições como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Nossa Caixa, do governo do Estado de São Paulo. Ele afastou a possibilidade dessas instituições adquirirem as carteiras dos bancos das montadoras, preferindo destacar a atução direta desses bancos.
Cerca de 70 por cento do comércio de automóveis é realizado por meio de financiamento.
RETRAÇÃO EM OUTUBRO
O presidente da Anfavea afirmou ainda que as vendas de veículos tiveram uma redução em outubro, a primeira neste ano. Ele não forneceu o número fechado, mas disse que “vamos viver esta queda em outubro”.
Em relação às férias coletivas anunciadas pela General Motors em três unidades de produção, o executivo disse que se trata do impacto da redução das vendas externas, o que exige adequação da oferta.
A GM anunciou férias coletivas em novembro para mais de 10 mil trabalhadores nas fábricas de São Caetano do Sul (SP) e Gravataí (RS). Nesta tarde, comunicou a paralisação temporária na unidade de São José dos Campos (SP).
Em outubro, até o dia 24, as vendas de automóveis e comerciais leves novos no país caíram 3,9 por cento, na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo informações de uma fonte no início da semana.
Até setembro, a indústria automotiva não sentia os efeitos da crise. Naquele mês, houve crescimento de 9,8 por cento nas vendas internas de veículos novos em relação a agosto e 31,7 por cento na comparação com o mesmo mês de 2007. No ano, até setembro, as vendas têm alta de 27 por cento, a 2,21 milhões de unidades.
Fonte: Reuters