O coordenador da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz, professor Gustavo Thomazine, conversou com o Conexão Itajubá nesta terça-feira (30) e falou as doenças sexualmente transmissíveis, as chamadas DSTs, e também sobre a sífilis, uma doença que depois de um tempo sobre controle volta a ser uma ameaça.
Na década de 60, com o surgimento da pílula anticoncepcional e exclusão da gravidez houve uma grande mudança no comportamento sexual da população, que tinha maior liberdade e não fazia uso do preservativo, causando um grande aumento nas doenças sexualmente transmissíveis. Essa situação perdurou até o final dos anos 70 e início dos anos 80, quando surgiu a AIDS.
Quando surge o HIV as pessoas começam realmente a entender o que é uma doença sexualmente transmissível e que a única forma de prevenção é o uso do preservativo, passando a utilizá-lo com mais frequência. Isso resulta em uma grande redução no número de DSTs. Quando surge o coquetel, uma medida paliativa do HIV, muitas pessoas deixaram de se preocupar e isso diminui o uso do preservativo, aumentando novamente os casos de DSTs, que é o cenário atua.
A sexualidade mudou muito ao longo dos anos. Com a liberdade sexual, a sexualidade começa cada vez mais cedo e isso aliado ao fato de os jovens serem muito impulsivos e não usarem o preservativo por descuido, acabou aumentando os casos de doenças sexualmente transmissíveis, especialmente o HIV e a sífilis, que chegou a números alarmantes. Em São Paulo foi feito um levantamento e apenas na última década houve um aumento de 600% dos casos de sífilis no estado.
A sífilis é causada pela bactéria Treponema Pallidum que é exclusiva do ser humano e há duas hipóteses para sua origem. A primeira diz que a doença surgiu de mutações da bactéria oriunda da África e a segunda que os navegadores adquiriram a doença aqui na América, com os índios, e então a levaram para a Europa. A segunda hipótese é reforçada pelo fato de o histórico de sífilis na Europa começar justamente no século XV, se alastrando rapidamente desde então.
Há duas maneiras para o contagio: o contato sexual, que é a principal, e a sífilis congênita, onde a mãe infectada passa a doença para o feto durante a gestação. Esses dois padrões são responsáveis por 90% dos casos. Outras possibilidades bem menos frequentes são transfusão de sangue contaminado e compartilhamento de objetos contaminados (como seringas, por exemplo).
A partir do contágio o primeiro órgão a ser afetado é o sexual, que apresentará uma ferida profunda, indolor que tende a desaparecer após 4 ou 5 semanas. Este estágio da doença é chamado sífilis primária e a ferida é causada por uma resposta imunológica à presença da bactéria. Essa ferida fica completamente carregada com a bactéria e por isso a transmissão da doença neste estágio é muito fácil, bastando o contato de uma pessoa com a área.
Na sífilis secundária, a bactéria se espalha para o restante do corpo através da circulação sanguínea, cansando feridas principalmente na palma da mão, do pé, na boca, nariz e outras partes do rosto. Essas feridas também irão desaparecer após um tempo. No último estágio da sífilis, ela começará a atingir os órgãos internos, atacando o coração, sistema de circulação, o baço, fígado ou sistema nervoso. Na sífilis terciária a pessoa começa a sentir diversos sintomas como febre, mal-estar, dores no corpo, dores musculares e ânsia. Na neuro-sífilis a pessoa pode vir a óbito. Até o estágio terciário, a sífilis pode levar 20 ou 30 anos após a infecção, caso não seja feito o tratamento adequado.
O que acontece comumente é as pessoas apresentarem os sintomas e ignorá-los, principalmente a ferida. Como ela desaparece após algumas semanas a pessoa pensa estar curada e depois, quando se manifesta na pele, em outras regiões do corpo, dificilmente se relaciona com a ferida anterior. O comum é pensar ter pego algo na pele e após algumas semanas as feridas também desaparecem, junto da preocupação.
Os sintomas após a sífilis secundária começam bem inexpressivos com febre, mal-estar e dor. A pessoa toma um analgésico e pensa estar curada. Por ser uma doença latente, não se procura ajuda no momento adequado, no entanto, durante todo o tempo, mesmo quando a doença está latente, essa pessoa contaminada é uma transmissora da bactéria.
Fonte: Conexão Itajubá / Panorama FM