O mundo humano ficou tão ligado ao processo de vender e comprar bens e serviços no mercado que se tem dificuldades de se imaginar qualquer outra maneira de estruturar os “negócios” humanos. O mercado é, de fato, uma força avassaladora na vida dos homens. Nesse sentido, a noção de mercado confunde-se com a visão humana de economia. Porém, de fato, o que é economia?
Segundo o professor Paul Singer (1989), podem-se distinguir pelo menos três significados do termo “economia”. O primeiro significado é a qualidade de ser estrito ou austero no uso de recursos ou valores. Quando se diz: “Dona Maria é uma boa dona de casa. Ela é econômica”, isso significa que Dona Maria trata de comprar pelo menor preço, nunca cozinha mais do que vai ser comido, evita que as coisas se estraguem. Dona Maria não é desperdiçadora, nem leviana, nem mão-aberta. Esta é a principal noção de economia do senso comum.
O segundo significado é a característica comum de uma ampla gama de atividades que compõem a “economia” de um país, de uma cidade (Itajubá, por exemplo), etc. Aqui vale uma ressalva: não é fácil definir, com precisão, o que é “economia” neste sentido; por enquanto, contentar-nos-emos com a noção comum de que uma atividade é “econômica” quando visa ganho pecuniário, ou seja, quando proporciona a quem a exerce um rendimento em dinheiro (plantar, industrializar e comercializar café, por exemplo, são, nesse sentido, atividades econômicas).
E o terceiro significado do termo “economia” se refere à ciência que tem por objeto a atividade (aquela que dá o segundo significado). A Economia (ciência – com letra maiúscula) é a sistematização do conhecimento sobre a economia (atividade). É nesse sentido que estão os dizeres dos professores de Economia.
Deve, ainda, ser dito que tudo (tudo mesmo) que se refere à economia é sempre (sempre mesmo) controverso: desde o sentido do que é Economia enquanto atividade até o status científico da Economia enquanto disciplina e área do conhecimento humano. Estas controvérsias já se travam a cerca de trezentos anos (ou seja, desde a época em que a Economia surgiu como ciência) e apaixonaram grandes espíritos, cujas ideias inspiraram revoluções (como as construções teóricas de Karl Marx, Vladimir Lênin, etc.) e contrarrevoluções (como as teorias de John Keynes, Alfred Marshall, etc.) em todas as latitudes.
Está-se, na atualidade, tão longe de um acordo como nunca, embora haja progressos na compreensão do que está em jogo e na comprovação prática das teses básicas das principais escolas (ou correntes ou paradigmas). Depois de 200 anos de economia de mercado e de 50 anos de intervencionismo estatal regulador (e até mesmo de planejamento central) chegou-se ao momento de a experiência histórica realimentar, inovando-a, à prática teórica.
No entanto, no sentido de dá alguma direção ao entendimento do que é Economia, pode-se tirar um trecho do livro do professor Rossetti (2007), que diz: “Economia é a ciência que estuda as formas de comportamento humano resultantes da relação existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que, embora escassos, prestam-se a usos alternativos”. Estes conjuntos de elementos conceituais (meios escassos, fins alternativos e ilimitáveis) estão presentes na maior parte das mais recentes “tentativas” de definição do termo “Economia”.
Definir Economia não é fácil, mas, seu entendimento é necessário para a compreensão do mundo que nos rodeia. E ainda mais: a tomada de decisões econômicas por empresas e indivíduos é parte inerente à vida, embora isto nem sempre seja percebido. Estas decisões individuais (na linguagem Econômica, as decisões microeconômicas) são fortemente influenciadas por aquilo que está acontecendo ou virá a acontecer no ambiente geral da economia (ou no ambiente macroeconômico). Em decorrência disso, o conhecimento sobre o que esta acontecendo no ambiente mais amplo da economia do país e do mundo pode ter efeitos benéficos sobre a tomada de decisão, tanto por reduzir as chances de erro como pela avaliação das consequências possíveis em diferentes situações.
Texto elaborado por:Fred Leite Siqueira Campos
Professor doutor e pesquisador da área de Economia do Instituto de Engenharia de Produção e Gestão (IEPG)
Diretor de Inovação do Núcleo de Inovação, Transferência de Tecnologia e Empreendedorismo (NITTE)
Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI)
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Referências:
ROSSETTI. Introdução à economia. São Paulo: Atlas. 20. ed. 2007.
SINGER, P. O que é Economia? São Paulo: Brasiliense, 1989.