A Riqueza logo gritou avisando que não poderia levá-lo porque havia muito ouro em seu barco. A Vaidade recusou ajudá-lo por ele estar todo molhado e causar estrago no carpete do seu lindíssimo barco. Da mesma forma, negando levá-lo, passaram a Tristeza e a Alegria. A primeira, preferiu ir sozinha chorando e, a Alegria, sorria e cantava tanto que nem prestou atenção no pedido de socorro.
Enfim, quando já estava quase se afogando, o Amor foi pego por um velhinho e deixado a salvo numa outra ilha distante. Recuperado do susto, o Amor agradeceu ao velho Tempo pelo resgate e foi saber com a dona Sabedoria porque somente aquele senhor idoso o ajudou. E a Sabedoria lhe respondeu: ‘Somente o Tempo é capaz de mostrar aos outros sentimentos a importância de resgatar o Amor.’ E ele, o Amor, passou então a entender a incompreensão dos ‘amigos’.
Poderiam fazer parte da história vários outros personagens que sempre destroem o amor, como: o ódio, a inveja, o egoísmo, a mentira e a covardia; mas, aliados ao amor, também poderiam estar: a solidariedade, o perdão, a verdade, a bondade e a justiça. Se esses aliados predominassem no mundo de hoje, não haveria necessidade de esperarmos o tempo provar a importância do amor entre os homens.
E o mais espantoso é que nenhum de nós confessa que mente, ou que tem inveja, ou que é egoísta, covarde etc. Por que será que agimos assim? Dois mil anos após Jesus Cristo ter pregado com tanta sabedoria a necessidade do amor fraterno na humanidade e, ainda, ter morrido demonstrando o seu Amor por nós, é preciso mais tempo para entendermos que não nos salvaremos sem isso?
Na Romênia, um homem sempre dizia ao filho: ‘Haja o que houver, eu sempre estarei ao seu lado.’ E, naquela época, houve um grande terremoto no lugar onde viviam, separando pai e filho. Um estava na estrada – voltando do trabalho para casa – e, o outro, ficou debaixo dos escombros da escola onde estudava.
Logo que o pai desesperado chegou na escola destruída, foi avisado que não haviam mais sobreviventes, contudo, tomado de grande tristeza e de muita fé, passou a procurar o filho gritando: ‘Sempre estarei ao seu lado, meu filho!’ Muitos olhavam desolados para aquele senhor escavando com as próprias mãos e pedindo ao filho que o esperasse, pois iria achá-lo.
Quando algumas pessoas se aproximavam dizendo a ele que fosse para casa, ele retrucava: ‘Você vai me ajudar?’ E elas se afastavam, porque não viam chance de haver sobreviventes. Mas, o homem pensava na promessa que havia feito ao filho e continuava a incansável procura.
Alguns policiais e bombeiros também tentavam tirá-lo do local dizendo que corriam riscos de explosões e mais desabamentos, mas ele sempre repetia: ‘Vocês vão me ajudar?’ E, assim, trabalhou quase sem descanso por trinta horas, até que ouviu o filho responder: ‘Pai, estou aqui. Eu sabia que você viria!’
Em seguida, os bombeiros resgataram quinze dos trinta e quatro alunos daquela classe – graças à confiança daquele pai em cumprir a promessa que fizera ao filho. E, antes das crianças saírem dos escombros por um pequeno buraco aberto pelos bombeiros, o filho que tanto confiava no pai disse aos amigos: ‘Podem ir primeiro. Haja o que houver, o meu pai estará me esperando!’
E você, leitor(a), em nome de Jesus – que é Deus, com o Pai e o Espírito Santo -, promete amar e ajudar o irmão necessitado e sofredor? Se você já aprendeu que o pobre merece a mesma oportunidade de sobrevivência que damos aos nossos filhos, comece a procurá-lo com mais amor sobre os escombros, porque o barco do tempo continua passando!
Paulo R. Labegalini:Vicentino, Ovisista e Cursilhista de Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).