Por Dra. Graça Mota Figueiredo
Estou em Passa Quatro, cidade da minha família. Aproveitei o feriado em Itajubá e enforquei a sexta feira.
Ontem e hoje acontece aqui uma corrida que eu não conhecia.
Chama-se La Mission, e um comerciante me contou que é originária da Argentina. O direito foi comprado por um empreendedor da cidade, e acontece anualmente na região.
Não sei exatamente os trajetos, mas soube que os competidores podem correr 15 km, 45 km ou 70 km. Para cada categoria existem requisitos diferentes e premiações também diferentes.
Fui lá ver a chegada dos atletas.
É uma festa…
Claro que as ruas da cidade ficam interrompidas e você tem que dar imensas voltas para ir a lugares que são bem próximos quando as ruas estão livres.
Mas parece que ninguém se importa. Não vi ninguém estressado, buzinando ou gritando o que não se pode reproduzir numa coluna de jornal.
Mas que delícia ver a alegria das pessoas, as que correm e as que estimulam os corredores, eu entre elas (as que estimulam, é claro, que correr não é comigo).
De repente eu vejo uma coisa linda: uma senhora que aparenta ter os seus sessenta ou mais anos, tem uma expressão de sofrimento no rosto. Vem devagar, coxeando um pouco.
Ao seu lado anda uma jovem. Sua expressão, ao contrário da idosa, é de orgulho. Tem um sorriso largo no rosto, e é evidente que marca o passo pelo da companheira.
Quando estão próximas da chegada as duas param. A idosa, parece que para tomar fôlego. A menina, pra gritar a plenos pulmões, rodando o corpo para ver todos os assintentes:
“Esta mulher guerreira é minha avó! Meu avô morreu há dois anos e ela se encerrou numa depressão grave que assustava a família. Ela sempre foi a minha paixão, e um dia eu pedi pra ela, em desespero, que fosse me ver correr. Pra minha surpresa ela foi. Quando voltamos me perguntou se ela conseguiria aprender a correr. Está é a quinta prova dela.”
Fez-se um silêncio profundo, depois do grito emocionado da neta.