Por Grupo Denarius
Em 18 de setembro de 2019 o Banco Central do Brasil reduziu a taxa de juros Selic para 5,5% ao ano. O movimento de queda desta taxa é expressivo desde o recente pico de 14,25% ao ano em 2015. O valor atual é o menor patamar histórico desta taxa de juros. No painel de hoje veremos como isto afeta a sua vida!
Primeiro temos que entender o que significa esta taxa. De uma forma bastante simplista, podemos dizer que é a taxa básica de juros que o governo paga para tomar dinheiro emprestado dos investidores. Por sua relevância como controlador da oferta e demanda de dinheiro na economia irá também nortear outras taxas, como a de redesconto que é a taxa que o banco central cobra para emprestar dinheiro aos bancos comerciais e a taxa de empréstimos entre os próprios bancos, CDB (certificado de depósito bancário).
Com esta definição você já deve estar imaginando que algo bom pode acontecer. O Brasil como estado irá pagar taxas de juros mais baixas e isso pode ser bom para ajudar a reduzir os gastos com empréstimos que o país faz. Isto é verdade, mas o que mais pode mudar na sua vida?
Justamente os efeitos que derivam desta redução da taxa básica que são os mais sentidos pela população. Para quem tem dinheiro investido em aplicações de renda fixa, ou seja, aquelas de baixo risco, as vezes até chamadas de sem risco, a rentabilidade será reduzida. Os rendimentos dos títulos do governo ou dos fundos de renda fixa são diretamente atrelados ao valor pago de juros pelo governo (Taxa Selic), logo terão sua rentabilidade reduzida. A caderneta de poupança, no patamar atual da Selic, também tem sua rentabilidade definida como um percentual de 70% da taxa Selic e, portanto, também terá a rentabilidade reduzida. Os famosos CDBs, aplicações bancárias isentas de riscos para os pequenos investidores (até R$ 250 mil) também tem sua rentabilidade muito afetada pela Selic, uma vez que este tipo de investimento é uma forma que a população tem de emprestar dinheiro para os banco comerciais, algo que o banco central também faz cobrando taxas também pautadas na Selic. Como os riscos de se emprestar dinheiro para os bancos privados é muito associado ao risco de se emprestar dinheiro para o governo estas taxas costumam ser fortemente correlacionadas.
Uma vez que a rentabilidade de investimentos de risco reduzido, chamados de renda fixa, será menor, muito investidores passam a admitir um pouco de risco em seus investimentos e migram ao menos parcela dos seus investimentos para aplicações um pouco mais arrojadas. Ou seja, retiram dinheiro da caderneta de poupança, CDB e títulos do governo e alocam em fundos de investimentos em ações, fundos de investimentos em imóveis, debentures e outros.
Naturalmente se verifica um crescimento dos mercados de investimentos com riscos, ainda muito incipiente no Brasil. A título de curiosidade apenas recentemente a bolsa de valores registrou 1 milhão de investidores pessoa física em sua plataforma, o que significa menos de 0,5% da população brasileira. Proporção que varia entre 20% a 30% em países com mercados mais desenvolvidos e pode chegar a mais de 50% da população em países como os Estados Unidos.
A maior busca por estes mercados, naturalmente, faz os preços das ações subirem no curto prazo, mas isto não necessariamente pode significar uma constante evolução nos ganhos, muitas vezes pode até significar uma assimetria de informação dos novos entrantes no mercado que impulsionam os preços das ações a patamares insustentáveis ou irreais, seguidos de quedas no longo prazo. Portanto, migre para estes mercados apenas se tiver segurança sobre o que está fazendo e se for capaz de interpretar os riscos associados.
E para aqueles que investem pouco ou nada? Como a redução da taxa Selic pode afetar a vida? Se você não investe, reforçamos que isto não deveria estar acontecendo. Você deve sempre ter uma poupança de reserva, como sempre repetimos aqui. Pelo menos de 3 a 6 vezes o valor dos seus gastos mensais. Reforçamos também que caso você tenha apenas o mínimo necessário em forma de poupança, você não deve correr riscos migrando para investimentos mais arrojados.
E para você que tem dívidas a redução da Selic também traz boas oportunidades. Neste caso, como o custo de captação de recursos pelos agentes financeiros tende a se reduzir, novas linhas de crédito com taxas mais reduzidas podem aparecer. E quanto mais as pessoas endividadas aproveitarem estas taxas reduzidas, mais competitivo se tornará o mercado obrigando os demais bancos que perdem clientes endividados em taxas mais altas a reduzirem também as suas taxas para não ficarem sem clientes.
Neste sentido, avalie a taxa que você paga atualmente nos seus empréstimos e financiamentos. Se foram contratados entre 2014 e 2017, provavelmente terão taxas mais elevadas do que as praticadas em contratos disponíveis a partir de setembro de 2019. O Banco Central do Brasil garante pela sua regulamentação a possibilidade de migração de financiamentos entre bancos. Negocie com o banco de menor taxa e migre sua dívida. Isto irá dar algum trabalho, e exigirá cuidado nas contas, mas pode ser uma excelente oportunidade de quitar sua dívida com maior facilidade ou em menor prazo.
A inercia do endividado brasileiro pode ser a armadilha do seu próprio fracasso nas finanças pessoais. Não deixe de avaliar estas possibilidades de migração de financiamentos e dívidas. E notem que a redução da Selic só lhe trará vantagens expressivas em termos de finanças pessoais caso você esteja disposto a trabalhar e estudar. Seja buscando taxa mais vantajosas para seus empréstimos ou para os seus investimentos.
De tudo que falamos aqui a única certeza é que a comodidade dos investimentos com altos ganhos e pouco risco não existe mais.
Prof. Dr. André Luiz Medeiros
Prof. Dr. Moisés Diniz Vassallo
Prof. Dr. Victor Eduardo de Mello Valerio
DENARIUS – Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento em Educação Financeira
Instituto de Engenharia de Produção e Gestão (IEPG)
Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI).
O painel de educação financeira é uma parceria do programa Conexão Itajubá com o Grupo Denarius da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI).
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