O terrorismo continua a ser uma das maiores ameaças enfrentadas pela comunidade global, sendo que o recente ataque ocorrido em Paris é o destaque de jornais e revistas nas últimas semanas. A ação que chocou o mundo mobilizou diversas autoridades e a luta contra o terrorismo na França se tornou tema de diversos debates que falam do panorama mundial da questão terrorismo, das consequências e principalmente das causas.
Segundo o Tenente Coronel Gilberto da Cás a situação é mais mais complexa do que parece e para entender melhor o que aconteceu em Paris é preciso pensar um pouco em história. A França é o berço da cidadania moderna e o sul do país é porta de entrada para os africanos do norte da África, ex-colônia francesa. Com isso um terço da população naquela região é africana, sendo que a grande maioria é muçulmana.
A França abriu as portas no sul do país para permitir a entrada dos africanos visando principalmente mão de obra barata e no princípio essas pessoas cumpriram seu papel, trabalhando em empregos com baixa remuneração. Com o tempo essas pessoas que se estabeleceram na França tiveram seus filhos, mas não melhoraram de vida como esperaram, elas então passaram a criar guetos, ficando isolados, sem a presença do Estado ou programas sociais que lhe garantam alguma qualidade de vida. Esse é o contexto na França.
Outro ponto é que o islamismo tem crescido muito no mundo e, principalmente nas suas correntes radicais, ele vem de encontro a alguns princípios seculares de democracia. Essa foi a gota d’água na França. O país é o berço da liberdade de expressão e o jornal Charlie Hebdo tradicionalmente faz campanhas contra símbolos, uma delas com uma charge do profeta Maomé, considerada ofensiva e que acabou por ser a motivação do ataque no último 7 de janeiro.
O que vai acontecer na França agora? Primeiramente, na população, o preconceito religioso vai aumentar. O Tenente Coronel conta que uma pesquisa foi realizada logo após o ataque terrorista e 74% dos entrevistados responderam que o islã não é compatível com a cultura francesa. Isso em um país cuja liberdade de expressão é muito valorizada é um índice realmente grande.
Outra coisa que vai mudar. O governo francês já se pronunciou e declarou que irá tornar mais rígidas as regras de imigração, as consequências dessa decisão na economia só serão sentidas no futuro. Com essas novas Leis de imigração a França entra em uma posição de preservação da segurança e conservadorismo e isso deverá se repedir nos demais países desenvolvidos.
Politicamente essa decisão se complica, por coloca em xeque a questão da globalização e dificulta as negociações. Essas novas Leis não irão, no entanto, resolver o problema da pobreza nos guetos e essas pessoas que já estão no país são facilmente aliciadas. Na prática o que irá acontecer é previsível: isolamento dos suspeitos, maior poder para o serviço secreto que deverá ganhar autonomia a partir de agora e coleta de dados de passageiros que viajam para países onde há uma “profissionalização” do terror.
Em consequência dessas medidas, no curto prazo, deverá haver maior cooperação entre países, facilitando leis de transferência de criminosos e audiência com pessoas suspeitas.
Fonte: Conexão Itajubá / Panorama FM