O Ibope Mídia divulgou essa semana a pesquisa chamada “O Consumidor do Século XXI” e conclui que 21% DAS BRASILEIRAS VÃO ÀS COMPRAS PARA SE SENTIREM MAIS CALMAS E FELIZES. O levantamento ouviu 3.400 pessoas em 11 regiões metropolitanas do Brasil e concluiu que a população gasta, em média, 15% da renda familiar com compras pessoais – principalmente roupas, no caso das mulheres.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 1% da humanidade sofre de compulsão por gastar
A maioria de nós já deve ter ouvido a frase “vou ao shopping para fazer minha terapia do cartão de credito”. Bem comum na sociedade, a atitude parte geralmente das mulheres, que, muito diferente dos homens, adoram passar horas andando de lá pra cá dentro do shopping. Um comportamento típico da estrutura psicológica feminina – gastar, gastar e gastar.
O psicólogo Alexandre Bez, especializado em ansiedade e síndrome do pânico pela Universidade da Califórnia – UCLA, e relacionamento pela Universidade de Miami, na Flórida, explica que o ato compulsivo do ser humano se encaixa dentro dos 16 tipos de mecanismos de auto-defesa da estrutura do ego, dentre eles a compensação. Um ato inconsciente, que momentaneamente causa prazer e satisfação, mas que não proporciona nada além disso.
Por que gastar o que pode e o que não pode?
Todo ser humano passa por problemas durante sua vida. Inconscientemente, procura compensar esses problemas em algo que lhe dê prazer. Ou seja, ações inconscientes que diminuem a ansiedade ou a angústia, tendo como fator desencadeante, por exemplo, um namoro ou casamento desgastado, problemas no trabalho, falta de dinheiro, impossibilidade de realizar um grande sonho.
Essa atitude compulsiva é explicada pela psicanálise e se encaixa dentro dos 16 tipos de mecanismos de auto-defesa do ser humano, dentre eles a compensação, um comportamento inconsciente que momentaneamente causa prazer. “A compensação pode ser encarada como compulsão de nível leve e daí podemos identificar que a pessoa passa por algum conflito interno”, afirma Bez.
O ego (responsábel por nossa estrutura de personalidade),quando passa por algum conflito, desestrutura a pessoa, levando a ter atitudes que visam somente a satisfação, dando origem ao que os psicologos chamam de mecanismo de compensação.
A compensação é um comportamento típico da estrutura de defesa, muito comum na estrutura psicológica feminina. As mulheres, por serem muito vaidosas, buscam a auto-afirmação mais que os homens. “Por uma questão de personalidade, elas estão mais dispostas a gastar e comprar o que muitas vezes não precisam, como, por exemplo, “todas” as novidades em cosméticos e produtos para beleza”, explica o psicólogo.
“A compulsão por gastar, nas mulheres, muitas vezes está ligada ao prazer no sexo. Em casais que a relação sexual não anda bem ou em que o prazer é quase nulo, é comum que elas procurem “resolver” esse problema de carência na loja mais próxima”, explica Bez.
Os homens e a relação com o dinheiro
De acordo com o psicólogo, a cada dez pessoas que gastam por compulsão, 9 são mulheres. “Os homens não são tão comedidos assim. Mas, em geral, suas aquisições são mais planejadas e os objetos são os eletrônicos ou automóveis”, afirma. Dependendo do caráter, ele pode enveredar para gastos com a bebida e também compensar seus conflitos nos jogos de azar. Quando há alguma desilusão amorosa, a tendência do sexo masculino é compensar suas emoções com o sexo pago. “Ou ele procura ambientes com bebidas e muitos amigos para farrear ou vai atrás de prostitutas para amenizar a dor”, explica o psicólogo.
Bez diz ainda que, em média, por volta dos 21 anos, quando o jovem já costuma ter autonomia sobre o dinheiro, é que as compulsões e gastos excessivos podem surgir.
A mídia e seus excessos – cuidados com as crianças
Os veículos de comunicação, principalmente a TV, são os grandes responsáveis por comportamentos excessivos da vida moderna. Eles influenciam nas idéias e decisões da família toda. Levam a informação para dentro de casa e oferecem diversas opções e formas de pagamento. “As crianças têm acesso fácil aos meios de comunicação, por isso é necessário que os pais fiquem atentos e não permitam excessos. A criança tende a imitar o comportamento dos pais” alerta Bez.
Para uma relação saudável com o dinheiro, é necessário que desde cedo elas já tenham uma educação financeira rígida e aprendam a lidar com o próprio dinheiro. “A mesada é uma opção inteligente para os pequenos aprenderem o valor do próprio dinheiro. Abrir uma poupança e ensiná-los a poupar é uma ótima experiência”, sugere Bez
O brasileiro não sabe poupar
Os brasileiros, independentes da classe social, apresentam a famosa compulsão por gastar. Um fato curioso é que a compensação dos problemas financeiros também é resolvida com dinheiro. “Gasta-se mais na tentativa de esquecer as dívidas. Isso talvez explique a dificuldade da nação em sanar suas dívidas e conseguir dar a volta por cima”, diz Bez.
Diferente de alguns países da Europa, EUA e Japão, o Brasil não viveu grandes guerras e por isso não vê a necessidade por poupar e também não transmite para novas gerações esse hábito. “Nosso país infelizmente ainda vive em função do primeiro mundo, a maioria das marcas que fazem sucesso aqui são as importadas”, diz.
Dicas para se manter longe das dívidas
– Afaste a tentação. Não adquira cartões de crédito. Eles estimulam o gasto e criam a falsa impressão de se tem muito dinheiro.
– Tenha alguém de confiança para cuidar de sua conta bancária, que consiga alertar para gastos excessivos e desnecessários
– Tente se policiar, analise se a aquisição é realmente necessária
– Mantenha somente uma pequena quantia de dinheiro na carteira.
– Procure não entrar em financiamentos com muitas parcelas e assumir dívidas. Ao final do mês, elas irão se acumular e o dinheiro poderá faltar.
– Quando a tentação surgir, ligue para os amigos e faça ações simples que lhe distraiam, como pintar, conversar ao telefone, ver um filme.
– Para as mulheres,uma dica coringa: pelo menos uma vez por mês coloque o guarda-roupa a baixo, assim lembrarão quantas peças possuem e podem aprender combiná-las entre si.
Serviço:
Alexandre Bez – psicólogo especialista em relacionamentos, ansiedade e síndrome do pânico.
Tel: (11) 8588-8007
Fonte: Maxpress