Desde criança, venho escutando que faltam muitas coisas boas no mundo, como amor, respeito, tolerância e felicidade. Mas, se elas não existem neste mundo, como podemos afirmar que estejam faltando?
Provavelmente, o que se quer dizer é que seria bom se esses sentimentos e pensamentos existissem em maior quantidade. Além disso, a quem cabe a responsabilidade de colocar no mundo mais felicidade, respeito, amor, tolerância e muito mais?
No início da juventude, eu achava que essa missão pertencia a todos — com uma única exceção: eu mesmo. Eu era um especialista em diagnosticar os problemas causados pelo comportamento de muitas pessoas, queixar-me delas e ficar frustrado por não gostar da forma como agiam. E, nessa sequência de oposições, eu era o maior perdedor — tanto de energias quanto de tempo.
Por que é tão difícil mudar o mundo, mudar o outro? Por que essa tentativa sempre parece ineficiente? Eu me fazia essas perguntas em momentos de angústia. Mas, nos momentos de alegria, em que a inteligência se movimenta com mais naturalidade e clareza por não ter a pressão de pensamentos que a perturbam, passei a refletir sobre o tema com outra perspectiva. Foi então que percebi não estar fazendo as perguntas que deveria fazer.
O que eu ofereço ao mundo? Será que a minha forma de ser é caracterizada pelos traços psicológicos mais nobres que o ser humano pode ter? Com as minhas atitudes diárias, coloco algo de valor que possa tornar o mundo melhor?
Esse novo ciclo de questões começou a me movimentar na busca por descobrir os valores e conhecimentos que eu tinha, para poder ampliar a força deles dentro de mim e ser consciente dos acertos que eu poderia conquistar ao fazer uso deles.
Mas a principal iniciativa que desenvolvi, com a mudança de ângulo de visão, foi a de buscar no mundo (isto é, nas pessoas) aqueles valores e conhecimentos que eu não tinha.
Ao estudar meu próprio comportamento, a partir do método apresentado pela Logosofia, pude perceber algumas lacunas que mostravam a ausência de características positivas, como a decisão. Depois, passei a observar mais atentamente as pessoas que agiam com decisão de forma constante, querendo descobrir o que eu poderia fazer para cultivar esse valor e incorporá-lo à minha maneira de ser.
Gradualmente fui mudando a minha postura, empenhando-me mais em oferecer uma contribuição ao mundo do que em pedir a ele um tratamento menos hostil. Construir essa responsabilidade individual por um mundo melhor me tem trazido um bem enorme, porque me permite frear a rebeldia e buscar ativamente a minha própria evolução — que também tem um efeito positivo no melhoramento dos demais.
Em vez de continuar perdendo as energias que eu antes desperdiçava — por estar contrariado com o mundo —, hoje consigo gerá-las de forma consciente e aproveitá-las para fazer atividades que me possibilitem desenvolver as habilidades que não tenho, e aprender aquilo que não sei.
Um exemplo dessa mudança está em um projeto pessoal que iniciei há alguns meses, com alguns amigos. Temos o objetivo de criar um empreendimento, o que oferece um campo de aprendizado enorme. Logo percebi que não era bom em muitas das atividades necessárias para o sucesso da iniciativa, mas que, por outro lado, podia ser útil em outras, que eu já dominava.
Enquanto contribuo com o que tenho, descubro a capacidade e os valores dos outros membros do grupo, para tentar assemelhar-me a eles nos pontos em que se destacam. Se observo que uma determinada característica, como a disciplina, falta no conjunto, eu me proponho adquiri-la e exercitá-la
Quero dizer, caro leitor, que preciso ser um exemplo daquilo que quero ver no mundo. Se nele falta paciência, devo oferecer-lhe toda a minha paciência. Ao mesmo tempo, não posso fugir do fato de que me faltam muitos valores, porque essa percepção me move a buscar no mundo os exemplos vivos que me vão inspirar a preencher essas lacunas e melhorar quem sou.
O investimento por um mundo melhor é um dever de cada um, além de ser o antídoto ideal contra as frustrações causadas pela ilusão de que são os outros quem devem mudar. E o mais importante: o retorno é garantido ao longo da existência!
Um pensamento de Érico Mafra de Aquino
Érico Mafra, profissional de Marketing, nasceu e vive em Belo Horizonte, onde é um pesquisador da Ciência Logosófica desde 2014. Tem um grande interesse pelas possibilidades da mente humana e o desafio de alcançar o equilíbrio entre a razão e a sensibilidade.