“A alma é criada diretamente por Deus toda vez que se constitui um ser humano pela conjunção natural de um homem e de uma mulher. Discutiu-se, entre os teólogos, em que momento do desenvolvimento do feto isso se dá, mas a tendência atual defende que essa infusão ocorre no momento mesmo da concepção.
Assim, a alma estaria presente desde as primeiras etapas do desenvolvimento do ser humano, governando esse desenvolvimento. Seja como for, o aborto provocado, desde o instante seguinte à concepção, é sempre pecado mortal e passível de excomunhão.
No caso de um ser humano clonado – suposto que isso seja realmente realizável – o mesmo fato poderia dar-se? A alma seria criada e infundida por Deus no ser assim constituído? Se Ele não infundir a alma, poderemos não ter uma pessoa humana, mas um ‘monstro’ – eventualmente até um boneco dirigido pelo demônio! O futuro e a Igreja o dirão.
O Japão proibiu a clonagem; também autoridades religiosas têm se pronunciado: ‘A clonagem de embriões humanos para a investigação médica é imoral e desnecessária’ – afirmaram os Bispos da Inglaterra e Gales, pedindo aos membros do Parlamento inglês opor-se a essa disposição.
Da parte da Santa Sé, o diretor do Instituto de Bioética João Paulo II, Mons. Elio Sgreccia, disse que a clonagem de um ser humano é um ato grotesco contra a humanidade. Ele elogiou a decisão da Câmara de Representantes dos Estados Unidos por proibir toda forma de clonagem humana, tornando-a crime federal.
Na clonagem de animais irracionais, tem-se alegado que, mesmo as experiências que chegam a seu término, produzem seres com debilidades genéticas incomensuráveis, tornando o ser clonado suscetível de contrair toda espécie de doença e de apresentar malformações orgânicas. Imagine-se um ser vagamente parecido com um homem, mas que tem uma orelha no lugar do nariz, cabelo nascendo dentro dos olhos e coisas semelhantes – como se pode ver comumente em quadros da chamada arte moderna.
Com efeito, o que a clonagem humana tem de pior é o desígnio de alterar a própria ordem estabelecida por Deus para a propagação da espécie. Trata-se, portanto, de uma investida contra o próprio plano do Criador que, pela variedade e dessemelhança entre os seres, quis que fossem dessa maneira mais amplamente representadas as perfeições divinas.
Está escrito no Gênesis (1, 26) que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança; cada homem espelha uma parcela – por ínfima que seja – de alguma perfeição divina. O projeto de clonagem humana se insurge, pois, contra o desígnio divino de espelhar suas perfeições através da infinita variedade de seres criados. Como não ver atrás disso a mão do demônio que permanentemente tenta, por pouco ou muito que lhe seja permitido, deslustrar a obra magnífica da Criação?”
À reflexão do sacerdote, eu acrescentaria esta história:
Os animais reuniram-se na floresta e começaram a escolher algumas disciplinas práticas para treinar. O pássaro insistiu para que houvesse aula de voo; o peixe para que o nado fizesse parte do currículo; o esquilo achou que a subida em árvores era fundamental… o coelho queria de qualquer jeito que a corrida fosse incluída. As sugestões foram atendidas, mas cometeram um grande erro: os bichos participariam de todos os cursos oferecidos.
O coelho foi magnífico na corrida, mas queriam ensiná-lo a voar! Colocaram-no numa árvore e disseram: ‘Voa coelho!’ Ele saltou lá de cima e quebrou as pernas. Não só ficou sem aprender a voar como acabou também sem poder correr. O pássaro voava como nenhum outro, mas o obrigaram a cavar buracos como a toupeira! Quebrou o bico, estragou as asas e passou a não conseguir voar tão bem.
Conclusão: ‘Os animais são diferentes uns dos outros e cada um tem uma ou mais habilidades próprias. Não podemos forçar alguma espécie a ser igual à outra ou ter exatamente as mesmas qualidades.’
Também com o homem, se insistirmos na clonagem, acabaremos fazendo com que muitos sofram e, no final, poderão não ser nem parecidos com o que gostaríamos que fossem.
Na minha opinião, respeitar as diferenças significa amar a Deus e ao próximo.
Prof. Dr. Paulo Roberto Labegalini é engenheiro graduado pela Faculdade de Engenharia Civil de Itajubá, especializado em Matemática Superior pela Faculdade de Filosofia e Letras de Itajubá, mestre em Ciências pela Escola Federal de Engenharia de Itajubá e doutor em Qualidade pela Escola Politécnica da USP.
É autor de 7 livros e mais de 100 artigos publicados nas áreas de gerência geral, qualidade e educação; professor do Instituto Federal Sul de Minas em Pouso Alegre; e vicentino na Comunidade Nossa Senhora do Sagrado Coração em Itajubá. Confira sua coluna “Mensagens para o Coração“.