Vivenciar uma adversidade significa, sem sombra de dúvida, desafiar reservas internas. E o estudo e prática da Logosofia, ciência que estudo há alguns anos, têm me favorecido muito criar tais reservas, que tanto me beneficiam em momentos difíceis.
Recentemente, após minha mudança para Lima, no Peru, estava eu carregando um volumoso objeto quando sofri um acidente ao perder o equilíbrio descendo a escada do edifício onde resido. Quando criança tal fato, geralmente, não trazia grandes consequências; simplesmente levantava e seguia meu caminho. Apesar de cultivar a alegria da criança que fui, agora sou uma jovem de 75 anos, e, nessa idade, nosso corpo responde de uma forma bem diferente. Dessa vez, quando caí, fraturei a rótula do joelho esquerdo.
Tentei me mover, mas não consegui.
Apesar de estar sozinha, mantive a calma. Sentia uma energia que me protegia de qualquer pensamento de pânico; pude constatar uma sensação interna de tranquilidade, que me deu forças para enfrentar a realidade do fato.
Inexplicavelmente, surgiu uma pessoa, que me ajudou a sentar e permaneceu comigo até a chegada da minha filha, que veio em meu socorro.
Observei em mim, desde o acidente até a cirurgia, a necessidade de manter o pensamento da calma, para poder passar mais tranquila pelo período em que estivesse no hospital e, posteriormente, em casa com a nova rotina de reabilitação.
Não me recordo de nenhum pensamento pessimista tentando me sugerir que algo poderia não dar certo, mas sim que haveria um tempo de recuperação a ser enfrentado, com muitas limitações e dependência, mas com otimismo.
Além disso, observei em mim o pensamento de saber esperar com paciência o tempo de cada coisa.
Tive, ainda, o entendimento de que as consequências que sofri foram em razão da minha distração e inconsciência de me expor desnecessariamente a uma circunstância que poderia ter sido evitada, inclusive, poupando meus familiares do enfrentamento das dificuldades por mim desencadeadas. Aliás, devo-lhes enorme gratidão por toda a assistência e apoio recebidos durante minha convalescença.
A lição que aprendi foi que quando agimos sem atenção, sem consciência dos riscos, imediatamente as adversidades se apresentam e sofremos suas consequências.
O Autor da Logosofia ensina no parágrafo 56 do livro Curso de Iniciação Logosófica, que: “… para ser verdadeiramente consciente em todos os instantes da vida – isto é, quando se pensa, quando não se pensa, quando se trabalha ou não se faz nada, quando se estuda ou não –, bem como em todos os movimentos que executamos durante o dia – quando andamos, nos sentamos, comemos, bebemos, lemos, rimos ou estamos de mau humor –, é necessário que nossa consciência esteja atenta e nos recorde que, para nos constituirmos em autênticos donos de nossa vida, devemos fazer dela uma sucessão de fatos felizes, que aumentem o valor de seu conteúdo.”
Pensamentos de Mary Cleusa Hayashi