Durante o ano seguinte, eles desenvolveram o conhecimento um do outro através de correspondências. Cada carta era uma semente caindo num coração fértil – um romance de companheirismo. Blanchard pediu uma fotografia, mas Hollis recusou. Ela queria que ele se importasse apenas com o seu coração.
Quando finalmente chegou o dia do regresso da Europa, eles marcaram o primeiro encontro – sete da noite, na Estação Central de Nova Iorque. “Você me reconhecerá pela rosa vermelha que estarei usando na lapela.” – disse ela. E o próprio senhor Blanchard, anos mais tarde, publicou o que aconteceu:
“Uma jovem aproximou-se de mim. Sua figura era alta e magra, seus cabelos loiros caíam delicadamente sobre os ombros, seus olhos eram verdes como água. A boca era pequena, seus lábios carnudos e o queixo tinha uma firmeza delicada. Seu traje verde era como se a primavera tivesse chegado. Eu a admirava sem perceber que não estava usando uma rosa. Como me movi rapidamente em sua direção, um pequeno e provocativo sorriso curvou seus lábios. ‘Indo para o mesmo lugar que eu, marinheiro?’ – murmurou ela.
“Incontrolavelmente dei um passo para junto dela e, então, avistei Hollis Maynell – estava parada quase que exatamente atrás da garota. Era uma mulher com mais de 50 anos, cabelos grisalhos e enrolados num coque sobre um chapéu gasto. Mais que gorducha, seus pés compactos se confinavam em sapatos de saltos baixos.
“A garota de verde seguiu seu caminho rapidamente. Eu me senti como se tivesse sido dividido em dois, tão forte era o meu desejo de segui-la. Aproximei-me de Hollis e percebi que sua face era pálida e sensível, seus olhos cinzas tinham um calor e simpatia cintilantes. Aquilo podia não ser amor, mas poderia ser algo precioso – uma amizade pela qual eu seria para sempre cheio de gratidão.
“Inclinei meus ombros, cumprimentei-a mostrando o livro e, ao mesmo tempo, pensando na amargura do meu desapontamento. ‘Sou o tenente John Blanchard e você deve ser a senhorita Maynell. Estou muito feliz por termos vindo. Posso lhe oferecer um jantar?’
“O rosto da mulher abriu-se num tolerante sorriso. ’Eu não sei o que está acontecendo!’ – ela respondeu. ‘Aquela jovem de vestido verde que acabou de passar me pediu para colocar esta rosa no casaco e disse que se você me convidasse para jantar, eu deveria lhe dizer que ela o espera no restaurante da esquina. E também falou que isso era um tipo de teste.’ Agradeci e saí correndo para ficar com Hollis – e nunca mais perdê-la!”
Pois bem, leitor, para mim não é difícil compreender e admirar a sabedoria da senhorita Maynell. A verdadeira natureza do coração de uma pessoa é vista na maneira como ela responde a tudo que não é atraente aos olhos. Assim também deviríamos agir nos chamados de Deus; e, quando sentimos dificuldades em atendê-Lo, ficamos sem experimentar os resultados maravilhosos que Ele nos reserva.
Com certeza, muita gente se acomodou neste ano e, não tendo rezado o suficiente, deixou de alcançar muitas graças; mas, pela misericórdia Divina, continuamos tendo chances de compreender a verdadeira ‘história de amor’ que Ele escreveu para cada um de nós. Se você conhece alguém que não acredita e nem vive a Páscoa do Senhor, faça a sua parte: evangelize! Comece por esta outra história:
‘Jesus não saiu do túmulo e não existe nenhum Deus no céu que tenha permitido seu filho ter sido crucificado.’ – falou um professor a seus alunos. ‘Senhor, eu acredito em Deus.’ – protestou um menino; mas o mestre reagiu: ‘Jimmy, você pode acreditar no que quiser, contudo, no mundo real, não existe a possibilidade de milagres como a ressurreição. Ninguém que acredite em tais milagres pode respeitar a ciência.’
‘Deus não é limitado pela ciência. Ele criou a ciência!’ – insistiu o aluno. Incomodado com o modo como Jimmy defendia sua fé, o professor foi até a geladeira, pegou um ovo de galinha e falou: ‘Vou deixar este ovo cair no chão e a gravidade vai fazer com que ele se despedace. Eu quero, Jimmy, que você faça uma oração e peça ao seu Deus que não deixe o ovo quebrar. Se isso acontecer, você terá provado que Ele existe.’
E o menino rezou em voz alta: ‘Querido Pai celeste, eu sei que o Senhor não precisa ser testado. Não faz mal que o ovo se quebre em mil pedaços, mas, Senhor, pelo descaso do meu professor, eu peço que não o ajude quando ele lhe pedir socorro na doença.’ E o mestre, em silêncio, devolveu o ovo à geladeira.
Então, sabemos que Deus não deixa de prestar socorro a nenhum pecador arrependido, porém, não vale a pena apostar a vida por um ovo, não é mesmo?
Paulo R. Labegalini
Vicentino, Ovisista e Cursilhista de Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).