Feito isto ele se escondeu e ficou observando no escuro da mata; ele queria saber se alguém tiraria a imensa rocha do caminho.
Alguns mercadores e homens muito ricos do reino passaram por ali e, apressados, simplesmente deram uma volta em torno da pedra e continuaram o seu caminho, resmungando contra pedras que atrasam pessoas importantes.
Muitos dos homens comuns do reino esbravejaram contra o rei dizendo que ele não mantinha as estradas limpas, e nenhum deles tentou remover a pedra dali.
Muito tempo mais tarde passa um camponês pobre, com uma pesada carga de vegetais arduamente cultivados, rumo ao mercado onde venderia a preciosa carga.
Ao se aproximar da imensa rocha, e preocupado com que a pedra colocada em local tão inconveniente causasse transtorno às pessoas que por ali passavam, pôs de lado a sua carga e tentou remover a rocha dali.
Após muita força e suando copiosamente, finalmente conseguiu mover a pedra para o lado da estrada.
Voltou-se então para pegar a sua carga e continuar a caminhar, mas notou que havia uma bolsa da mais fina seda e ricamente bordada, no local onde antes estava a pedra. Surpreso, foi até ela, abriu-a e viu que a bolsa continha tantas moedas de ouro que era difícil contá-las.
Neste momento o rei saiu de seu esconderijo e dirigindo-se ao camponês estarrecido lhe disse: “Todo obstáculo, se enfrentado, contém um tesouro cuidadosamente escondido. Vai, aprende a viver bem com a riqueza que conquistaste e ensina a outros a conquistá-la também…”
Às vezes somos como os homens ricos e importantes da fábula: não temos tempo a perder com os obstáculos que nos atrasam. Quantas vezes nós dinamitamos as pedras do caminho e nem sequer percebemos que queimamos o tesouro sob elas.
Muitas outras vezes somos como os homens comuns, envoltos nas nossas pequenas mazelas do cotidiano, reclamando da vida que é madrasta conosco, dos filhos que não nos ouvem, dos amigos que nos abandonam, dos chefes que não nos valorizam, do governo que não aumenta os nossos salários ou não conserva as nossas estradas…
Poucas, muito poucas vezes somos como o “pobre” mercador, parando a nossa caminhada para ajudar alguém a afastar um obstáculo. Ou, ainda melhor, para fazer algo por um alguém que nem sequer conhecemos e que talvez nunca saiba da nossa ação.
Quantas vezes deixamos de ganhar um tesouro!