A USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) é uma agência governamental dos EUA criada em 1961 com o objetivo oficial de promover o desenvolvimento econômico e social em países de baixa e média renda. No entanto, ao longo de sua história, a USAID tem sido alvo de críticas e teorias que sugerem que suas atividades vão além da assistência humanitária, atuando como uma ferramenta de influência política e, em alguns casos, contribuindo para a fragmentação social em escala global. Essas acusações frequentemente surgem em contextos onde a agência está envolvida em regiões com conflitos políticos ou sociais, levantando questões sobre seus reais objetivos.
Um dos principais argumentos dos críticos é que a USAID, ao financiar organizações não governamentais (ONGs), movimentos sociais e projetos de “promoção da democracia”, pode estar contribuindo para a desestabilização de governos ou sistemas políticos considerados adversários aos interesses dos Estados Unidos. Por exemplo, em países com governos alinhados a ideologias contrárias ao liberalismo ocidental, o apoio a grupos de oposição ou a projetos de “empoderamento civil” pode ser interpretado como uma tentativa de minar a autoridade local e promover mudanças de regime. Essa estratégia estaria alinhada com os objetivos de política externa dos EUA de expandir sua influência e garantir que governos aliados ou neutros prevaleçam em regiões estratégicas.
Outro possível objetivo por trás dessas atividades seria a promoção de valores e sistemas políticos alinhados aos interesses americanos, como a democracia liberal e a economia de mercado. Ao financiar projetos que incentivam a participação cívica, a liberdade de imprensa e os direitos humanos, a USAID pode estar buscando criar sociedades mais abertas e conectadas com o Ocidente. No entanto, em contextos onde há tensões étnicas, religiosas ou políticas profundas, essas iniciativas podem acabar exacerbando divisões existentes, levando à fragmentação social. Isso pode ocorrer quando o apoio a determinados grupos é percebido como parcial, alimentando conflitos internos e desconfiança em relação às intenções externas.
Além disso, a USAID tem sido acusada de atuar como uma “fachada” para operações de inteligência ou influência política, especialmente durante a Guerra Fria. Naquela época, a agência foi envolvida em projetos que, sob o pretexto de desenvolvimento, visavam conter a expansão do comunismo. Em alguns casos, isso incluiu o financiamento de grupos ou indivíduos que se opunham a governos socialistas ou de esquerda, contribuindo para a instabilidade política e social. Embora a Guerra Fria tenha terminado, críticos argumentam que a USAID continua a ser usada como uma ferramenta de soft power para promover os interesses geopolíticos dos EUA.
No entanto, é importante destacar que a USAID também realiza trabalhos legítimos e impactantes em áreas como saúde, educação, combate à pobreza e resposta a desastres. Muitos de seus projetos têm ajudado a melhorar a qualidade de vida em comunidades vulneráveis ao redor do mundo. A complexidade de seu papel reside no fato de que, como uma agência de um Estado-nação, suas ações estão inevitavelmente ligadas aos interesses estratégicos dos EUA. Portanto, embora haja debates sobre seus métodos e objetivos, é crucial analisar cada caso de forma específica, considerando tanto os benefícios quanto os possíveis impactos negativos de suas intervenções. A discussão sobre a USAID reflete, em última instância, os desafios éticos e políticos da assistência internacional em um mundo marcado por desigualdades e rivalidades geopolíticas.
Por Guilherme Pereira Torres