Excesso de vaidade dos pais e a falta de cuidado ao comprar produtos de beleza para os filhos pode causar problemas emocionais e de saúde às crianças.
Faz parte do universo infantil se “espelhar” nos adultos. O problema é quando as crianças começam a trocar os brinquedos, literalmente, pelos espelhos. Por isso, um assunto sempre em pauta é o uso adequado de cosméticos nessa fase. Em jogo, a saúde dos pequenos, com o risco de alergias, oleosidade excessiva e acne precoce. Segundo especialistas, não há nada de errado em usar, esporadicamente, maquiagem. Mas, afinal, o que conta na hora de escolher esse ou aquele sabonete, xampu, creme hidratante ou de limpeza para as crianças? “É essencial que os pais se autoeduquem para evitar que seus filhos usem produtos que prejudiquem a saúde. É preciso verificar se os ingredientes dos cosméticos são seguros, ou seja, não parafínicos, não etoxilados e não propoxilados. Isso lhe pareceu grego? Então comece já a ler as bulas e a prestar atenção nas composições dos produtos. Saiba que esses ‘palavrões’ são importantes para que seus filhos fiquem lindos, com elevada autoestima e sem consequências indesejadas”, alerta Joyce Rodrigues, farmacêutica bioquímica e cosmetóloga.
Diante dos apelos de marketing, da cultura da moda e da pressão das próprias crianças na hora da compra, uma lição é básica: são os pais que devem escolher o que os pimpolhos devem usar. É aconselhável procurar por marcas idôneas e por produtos aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e que sejam específicos para o público infantil. “Mãe, nunca empreste sua maquiagem à sua filha e nunca deixe que ela use a maquiagem da boneca. Também é importante observar se os produtos são dermatologicamente testados e se seus componentes fazem parte da ‘lista positiva’ do Ministério da Saúde”, explica Joyce.
Outra dica é direcionar a vaidade para o autocuidado. Belo batom nos lábios e dentes sujos não combina, por exemplo. Uma autoimagem saudável faz parte do processo de valorização da autoestima e da formação dos valores pessoais da criança. “Mesmo que os cosméticos infantis tenham legislação mais severa quanto às fórmulas e que os pais estejam atentos a bula, há ainda outro aspecto: o valor que a criança dá à beleza é produto do ambiente em que ela vive, ou seja, pais vaidosos e que supervalorizam somente a aspecto físico é o cenário ideal para os exageros”, observa Joyce.
Para não afetar a pele, a dica é o uso moderado de maquiagem infantil e preferir produtos anti-alérgicos, suaves e que contenham menos perfume e corantes. Já para não atingir o psicológico-emocional, é interessante mostrar aos filhos que as recompensas da beleza vão além da adequação ao padrão social dominante, mas podem vir também de certos valores. Um exemplo é o caso da ex-candidata à presidência, Marina Silva, que para contornar uma alergia à maquiagem passou a pintar os lábios com uma solução de raspas de beterraba, aplicadas com pincel.
“Bonito mesmo é ser coerente”, afirma Joyce, que além de pesquisadora científica no desenvolvimento de cosméticos cada vez mais seguros e de dar aula para cursos de pós-graduação com MBA, encontrou tempo para o social, criando o Instituto Joyce Rodrigues, que oferece cursos profissionalizantes para jovens de baixa renda na área de estética e beleza. A especialista conclui com mais algumas dicas antes da sua próxima visita ao setor de perfumaria. “Quanto aos ativos capilares para crianças, acredito nos tensoativos de extrema suavidade, como os sarcosinatos e também nas combinações sinérgicas de emulgadores não etoxilados e não propoxilados, muito mais suaves e seguros”, recomenda a especialista de apenas 26 anos de idade. Os pais que aí não entenderam alguma palavra, agora já sabem o que fazer.
Fonte: Roneia Forte