Uma donzela encontrou um sapo na floresta, que disse-lhe:
– Se me beijar, deixarei de ser sapo e me transformarei num competente professor.
Ela o levou para casa e passou a cuidar dele. Algum tempo depois, o sapo perguntou-lhe:
– Você não vai me beijar para nos casarmos?
– É claro que não! – respondeu ela. – Posso ganhar muito mais dinheiro com um sapo falante do que com um professor.
Bem, isto caracteriza a desvalorização da carreira docente em todos os níveis, mas o enfoque aqui é outro. Quanta gente agradece o pouco dinheiro que ganha e dignifica o trabalho que tem! Há pessoas que lutam dia e noite pela sobrevivência e nunca reclamam! A melhor explicação para isso está na espiritualidade que conquistaram.
Dizemos que os homens são como pássaros: voam de dia e voltam ao ninho à noite. O problema é que o ‘dia’, às vezes, significa anos de escuridão para o ser humano. O importante, então, é disponibilizar tempo para o coração. Se estivermos envolvidos com bons propósitos, a chama de amor nunca se apagará.
São Paulo escreveu: “Quando estou fraco é que sou forte!”. Com certeza, se referiu ao amor de Cristo que nos congrega como irmãos. Costumo afirmar que, infelizmente, a doença deste século é a vaidade. Quando tudo dá certo, dizemos: ‘Eu fiz!’; e desprezamos a graça de Deus e a ajuda de tantos aliados que, na fraqueza, são pilares para a nossa sobrevivência.
No século XIX, um grande pregador foi convidado a discursar para o rei e, quando ia começar a reflexão que havia preparado, ‘deu branco’! Ele, então, pregou falando de sua fraqueza e de como era pequena a sua sabedoria. Assim, realizou uma das melhores oratórias de sua vida e encantou a todos. Pois é, sem vaidade, tudo flui melhor.
A Bíblia mostra as pessoas como eram: com suas fragilidades e seus pecados. Retrata a Verdade! Jesus teve até prostitutas e ladrões como antepassados distantes, o que prova que a santidade pode ser alcançada em qualquer condição de existência; mas cuidado, jovem: ninguém toma o Céu por assalto! Embora o Paraíso não deva ser almejado somente por santos, nele chegará quem se aproximar de Deus aqui na Terra. Por exemplo: quem acolhe o próximo com amor e caminha na fé, está próximo do Senhor.
E Deus nos ama tanto que não nos poupa de sofrimentos para crescermos em espiritualidade. Nas situações adversas, se desejarmos, acumulamos muitos tesouros no Céu. Posso falar por mim que, com tantas doenças e brigas em família, aprendi grandes lições. E as recompensas têm sido maravilhosas. Por quatro vezes, até fiz ‘pequenas homilias’ nas Celebrações da Eucaristia!
Mas, isso é valorizar a espiritualidade ou cultivar a vaidade? Se eu não rezar e me policiar cada vez mais, é possível cair em tentação e inverter os valores. Pode até parecer estranha esta colocação: a vaidade e a espiritualidade caminham muito próximas de nós a todo momento; porém, quanto mais crescermos em espiritualidade, mais nos afastamos da vaidade. É uma luta constante.
Em algumas fases da vida, fui muito vaidoso e um pouco mais pecador também, mas superei com orações e serviços aos irmãos. Hoje, a caminhada é mais fácil, amando a Deus sobre todas as coisas e testemunhando seu amor por mim.