Há muito tempo atrás, havia uma tradição entre os esquimós, mostrada em um filme antigo que muitos podem bem se lembrar. Um pai velhinho, cumprindo o que era de praxe, fora levado lá no alto da montanha gelada para morrer. Sim, morrer, aos poucos ou então comido por um urso. Era assim e pronto. Não havia o que discutir. Os velhinhos, não tendo mais uma vida útil na visão do mundo, eram deixados no frio, num lugar longe, de tal forma que ninguém sentisse remorso, pois dizem que “longe dos olhos, longe do coração”. Pois bem, um filho mais sensível, após ter conduzido o pai para aquele destino cruel, sentindo uma dor no peito pela saudade e compaixão, não podendo mais trazer o pai de volta, levou para ele um cobertor para que pelo menos ele pudesse se aquecer um pouco. Porém, o pai não aceitou e disse ao filho: “leve de volta porque quando a velhice chegar, você poderá precisar dele”.
Mais cedo ou mais tarde, todos nós seremos idosos e aí, como será? Não é mais possível ignorar a urgência da questão. É sabido que dentro de poucos anos a população idosa terá aumentado assustadoramente e em contrapartida, o contingente de jovens será infinitamente menor. A velhice não é ruim, ouvi essa frase de uma senhora idosa há muito tempo, ao que ela própria complementou: o que é ruim é o que a velhice traz com ela, como limitações físicas e demência. Como se preparar?
Para quem não sabe, existe em Itajubá o Grupo da ABRAz (Associação Brasileira de Alzheimer) que já caminha no seu 4º ano de existência sob a coordenação da Dra. Rita de Cássia Sagiorato. O grupo já é hoje uma referência na cidade no que diz respeito a cuidadores e familiares dos portadores da doença de Alzheimer e Demências similares. O trabalho dessa equipe só tem sentido se contar com o apoio de pessoas que convivem ou conviveram com pacientes portadores de uma demência.
São realizados encontros quinzenais com o apoio de diversos profissionais que abordam questões importantes para os participantes, que também podem partilhar suas experiências vividas como cuidadores. Os encontros agora acontecem no PALÁCIO 26 DE FEVEREIRO, Praça Adolfo Olinto, 67, Centro, Antigo Prédio da Prefeitura, ao lado do Banco do Brasil.
Além dos encontros quinzenais, anualmente, no mês de setembro, o grupo realiza a “Jornada da ABRAz” com o objetivo de proporcionar aos cuidadores e familiares novos caminhos no “cuidar”, visando sempre uma melhor qualidade de vida aos pacientes. O tema da “IV Jornada”, que acontecerá em 18 setembro de 2010, será: “Demências: realidades e expectativas.”
Há os que defendem que os idosos devem ser mantidos reclusos e escondidos da sociedade, porém os que realmente convivem com familiares de velhinhos e dementes não pensam assim. É na paz que se prepara para a guerra. Podemos escolher: ou nos unimos e nos engajamos para uma velhice mais feliz e saudável ou guardamos com cuidado o cobertor do jovem esquimó para quando chegar a nossa vez.