A Natureza, sabemos, é a primeira mestra que temos. Pertencendo também a essa mesma Criação, podemos dela extrair não somente alimentos e insumos, mas também exemplos para a nossa vida. Um deles é a atividade. Tudo na Natureza está em atividade, como, por exemplo, um pequenino pássaro que faz seu ninho e busca sua refeição a cada dia, como também a imobilizada e grande árvore que tem a seiva circulando em seu interior.
Tudo, tudo em movimento.
Mas como devo compreender o movimento e a atividade, trazendo esses conceitos para a minha vida?
O ser humano possui uma constituição complexa, e, para nos desenvolvermos integralmente, não devemos pensar somente na atividade que praticamos fisicamente e que nos é tão óbvia e visível. Não somos somente músculos e tendões. A configuração humana é complexa. Pensando assim, reconhecer a configuração bio-psíquico-espiritual do ser humano certamente terá implicação na forma como haveremos de pensar a atividade a que devemos nos impor, a fim de equilibrar também a nossa vida. Afinal, a busca do equilíbrio é também mais um exemplo advindo da Mãe Natureza.
Hoje compreendo que esforço é aquela parcela de energia que despendo na aplicação de determinado movimento ou atividade, que pode ser tanto físico quanto mental. Podemos observar mesmo como tendemos à inércia em vários campos da vida. Deixar a vida nos levar; não tomar ou protelar iniciativas ou decisões; delegar aquilo que cabia a nós mesmos fazermos; uma preguicinha aqui hoje, outra ali amanhã…. E são assim inúmeras as situações nas quais podemos identificar uma falta de vontade em nos colocar em atividade. Claro que, em decorrência do cansaço físico, ansiamos pelo descanso — mas esse descanso pode ser representado também por alguma atividade diversa e não tão-somente pela inatividade. Assim, podemos relaxar de algo fazendo alguma prazerosa atividade diferente da primeira!
Quando meus filhos eram pequenos, a imagem do esforço sempre me auxiliou muito, e as crianças claramente compreendiam esse princípio da atividade mental. Pequeninos, sentiam-se felizes quando lhes anunciava com alegria que aquele esforço em aprender, ou em se portarem bem, era muito bem-vindo! Assim, eram estimulados não somente pelo resultado final em suas condutas, mas desde o início, pelo movimento que praticavam na tentativa de alcançar algo de bom ao final; ou seja, pelo esforço!
Como podemos experimentar os benefícios do esforço na nossa vida mental? Recordo-me de quando era adolescente, em que recebia como dever de casa a elaboração de determinada redação. Muitas das vezes, ao olhar o título solicitado em uma folha em branco, nada me ocorria, e me era difícil, quase angustiante, encontrar-me ali parada, refletindo — como um espelho na mente — a brancura da página. Sofria internamente com a lentidão dos pensamentos. Será que não viriam nunca? Não estava acostumada, por desconhecimento mesmo, a colocar minha mente em atividade, e o temor de não conseguir levar a cabo a tarefa quase que me paralisava. O que não havia ainda aprendido é que, quanto mais intensificasse minha atividade, maior estabilidade e equilíbrio eu conseguiria. Como o pulmãozinho de um bebê que vai se maturando com o crescimento, nós também vamos firmando-nos e vigorizando com a constância do esforço e da atividade. Com esforços progressivos, podemos nos capacitar em todas as áreas do conhecimento.
Nas palavras de González Pecotche:
a educação da mente custa esforço. E esforço é… vida!
Um pensamento de Raquel Tinoco Néris
Raquel Tinoco, servidora do TJMG, nasceu em Belo Horizonte, MG e cursou Direito na UFMG e Psicologia na PUCMG. Estuda e é docente de Logosofia em Belo Horizonte desde 2008.