Ouvindo uma emissora de rádio, despertou a minha atenção essa chamada: ‘Você ganha o que merece?’ A conclusão da matéria foi mais ou menos assim: ‘Deixe a emoção de lado e faça uma análise racional de seus rendimentos. Você pode descobrir que não ganha tão pouco como imaginava ou perceber que está mesmo sendo explorado. Nesse caso, pode conseguir bons argumentos para negociar com o chefe aquele tão sonhado aumento salarial.’
Quanto ao que foi dito, não tenho nada a contestar, mas, no meu caso, tenho certeza que ganho aquilo que Deus acha que mereço. Por outro lado, se a minha família não fosse tão abençoada na saúde, os recursos poderiam não ser suficientes sequer para um bom tratamento.
Considero que poderia estar ganhando mais dinheiro se fosse um pouco mais materialista, mas também sei que não mereço tantas graças que recebo; portanto, vivo no lucro! Por isso, procuro sempre estar de bem com a vida e transmitir alegria às pessoas, porque isso também é um ganho inestimável a quem recebe. Mas, aceitar esse meu modo de pensar fica meio difícil àqueles que só sabem reclamar e nunca perdoam as ofensas que receberam.
Se você assistiu o filme ‘Forrest Gump, o Contador de Histórias’, tente se lembrar da cena em que a namorada de Forest voltou do submundo das drogas e os dois passaram pela casa onde ela foi criada. Recordando a violência que sofreu do pai quando criança, a jovem ficou transtornada, pegou uma pedra e a jogou com toda força na direção da cabana. Mesmo quebrando uma das janelas, Jenny não se contentou, pegou outra pedra, atirou na casa, depois outra e mais outra, até que caiu no chão, cansada e desolada. O namorado, puro de coração, disse a ela: ‘Às vezes, não há pedra suficiente.’
Creio que ele quis dizer que quando o sofrimento é muito forte, pouco podemos fazer para aliviá-lo e nem a vingança resolve a dor. Realmente, para Jenny, nem mesmo um caminhão de pedras derrubariam o barraco do sofrimento. Mas o que fazer quando estamos nessa situação?
Quem caminha com Jesus Cristo no coração não precisa de pedras para quebrar vidraças, pratica a virtude do perdão e mantém a esperança da felicidade eterna. Ele transforma todas as derrotas em vitórias e humilhações em graças à família. Somente quem já experimentou é que pode testemunhar o quanto isso é verdade, enquanto aquele que só pensa em curtir a dor e não pede a ajuda Divina, continua derramando lágrimas, guardando ressentimentos e não vendo que o alívio do sofrimento está na missa da igreja mais próxima.
Disse Jesus: ‘Vinde a mim, todos vós que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei’ (Mt 11, 28). Você já pensou se todas as ‘pedras atiradas com raiva’ fossem usadas para construir casas de oração? Acho que nem haveria espaço na Terra para isso!
Na atualidade, uns querem um emprego melhor; outros, só um emprego. Uns querem uma refeição mais farta; para outros, basta ter o que comer. Alguns querem uma vida mais requintada; outros, apenas viver. Uns querem pais mais modernos; outros, só queriam ter pais. Uns gostariam de ter olhos claros; outros, só enxergar. Muitos compram dezenas de sapatos novos; outros, só queriam ter pés! Uns dão valor ao supérfluo; outros, lutam pelo necessário.
Eu agradeço a Deus por tudo o que sou e tenho, não reclamo de nada e sei que já recebi muito mais do que mereço.
Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).