Uma menininha voltava andando da escola quando, de repente, o vento começou a soprar forte e logo vieram os raios e trovões. Preocupada, sua mãe entrou no carro, dirigiu-se em sua direção e, assim que avistou a filha, ficou admirada ao vê-la olhando para o céu, dançando e sorrindo sem parar. Ao perceber a presença da mãe, a garotinha falou: ‘Olha, mãezinha, o Papai do Céu não para de tirar fotos minhas!’.
Pensando assim, a inocente criança não corria nenhum risco, concorda? Naquele momento, ela esqueceu-se de tudo e entregou-se totalmente às poses para agradar a Deus. Quando crescer, certamente a menina não fará o mesmo, mas terá que tomar outras atitudes que também agradem o Pai, senão, ficará muito mais exposta aos perigos das chuvas e trovoadas.
Portanto, vale a pena refletir nestas questões: ‘Perdendo a inocência de criança, fica mais difícil se entregar nas mãos de Deus? O que o adulto pode fazer para continuar tendo a mesma proteção de antes?’
Bem, todos nós sabemos que uma fervorosa família católica reza unida e recebe muita proteção dos anjos e dos santos do Céu, principalmente para os filhos menores e inocentes; portanto, isso explica a saudade que às vezes temos dos momentos felizes da nossa infância. Ao crescermos, conscientemente passamos a conhecer melhor a Deus e vamos aprendendo o que Ele deseja de nós: evangelização e serviço ao próximo. Quem não consegue tempo para isso, realmente começa a perder a proteção que tinha antes.
Assim, nada melhor do que nos unirmos às crianças para colocarmos em prática dois objetivos muito importantes para a humanidade: a catequese aos menores e o resgate da pureza aos maiores. Platão, o grande filósofo da antiguidade, que influenciou com o seu pensamento também a história da Igreja, disse: “O sábio deve ter a característica primordial de uma criança”. Como exemplo dessa característica, veja que lindo diálogo uma mãe teve com a filha, após a oração da tarde:
– Mãe, por que rezamos o Terço todos os dias?
– Porque Nossa Senhora gosta que rezemos!
– Só por isso?
– Bem, também porque é através do Terço que: conseguimos novas graças para a nossa família; nos mantemos protegidos contra as forças do mal; e, ainda, agradecemos tudo o que temos, somos e faremos.
– E é preciso rezá-lo todos os dias?
– Você não precisa tomar banho todos os dias? E não se alimenta, dorme, vê televisão, se diverte e consegue tempo para tantas outras coisas diariamente? Portanto, é justo que também tenhamos tempo para rezar, não acha?
– Mas, por que temos que repetir cinquenta vezes a ‘Ave-Maria’?
– Isso é importante você entender, então, preste atenção. Se eu dissesse apenas uma vez que ‘amo você’ e nunca mais falasse isso, continuaria tendo certeza que a amo demais?
– Acho que não.
– Pois é, quanto mais eu repetisse, mais contente ficaria e passaria a ter certeza que você é especial para mim, concorda?
– Ainda bem que você repete sempre, não é, mamãe?
– Então, no Terço é a mesma coisa! Repetimos a mesma oração várias vezes como prova de amor e devoção a Nossa Senhora. É como se déssemos uma rosa à Mãe de Deus a cada Ave-Maria que rezamos! Desde que o façamos de coração e com muito respeito, Ela nos ouve por todo o tempo e fica feliz em nos ver firmes na fé.
– Que bonito, mamãe! Eu nunca pensei que Ela ficasse escutando a gente rezar.
– Ela escuta, sim, com certeza, e também vê as cenas – dos mistérios que contemplamos – passando pelas nossas mentes. Aliás, dizem que foi Nossa Senhora quem ensinou São Domingos a rezar o Rosário, que significa: ‘Coroa de Rosas’!
– Ele não sabia?
– Naquela época, início do século treze, ninguém sabia, minha querida. Eles apenas usavam pedrinhas para contar as orações, mas não meditavam na vida de Cristo como fazemos hoje.
– A Virgem Maria também reza o Terço por nós?
– Ela faz muito mais que isso, pois conversa com Jesus e pede graças para cada um de seus filhos. Imagine como deve ser bonito Ela dialogando com seu Filho-Deus, Todo-Poderoso!
– Que bom ter uma Mãe tão boazinha assim, no Céu! Vamos rezar outro Terço a Ela, mãe?
– Amanhã. Agora, você vai fazer a sua tarefa porque isso também é importante para o seu futuro.
E depois desta maravilhosa catequese, eu gostaria de lhe perguntar: na sua família, todos sabem que o mês de outubro é dedicado ao Rosário? Vocês estão meditando os mistérios da anunciação, nascimento, vida, paixão e morte de Jesus? Oferecem ‘rosas’ a Nossa Senhora diariamente? Lembre-se que o Terço solicita os nossos dedos, os nossos lábios, a nossa mente e o nosso coração, numa grande sinfonia de orações – jamais composta pelo homem!
No capítulo 20 do Evangelho de São João, Jesus disse aos discípulos: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio. Recebei o Espírito Santo”. E para receber o Espírito de Deus, temos que deixar a inocência voltar a fazer parte dos nossos corações, para sermos mansos e humildes como o Sagrado Coração de Jesus – sem orgulho, sem vaidade, sem maldade e sem ambição.
Só assim, tudo voltará a ser como antes.
Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).
Livros do autor:
1. Gotas de Espiritualidade – Editora Bookba (à venda na Amazon, Americanas, Shoptime, Magalu…) – mensagens diárias de fé e esperança, com os santos de cada dia.
2. Pegadas na Areia – Editora Prismas / Editora Appris
3. Histórias Infantis Educativas – Editora Cléofas
4. Histórias Cristãs – Editora Raboni
5. O Mendigo e o Padeiro – Editora Paco
6. A Arte de Aprender Bem – Editora Paco
7. Minha Vida de Milagres – Editora Santuário
8. Administração do Tempo – Editora Ideias e Letras
9. Mensagens que Agradam o Coração – Editora Vozes
10. Projetos Mecânicos das Linhas Aéreas de Transmissão (coautor) – Editora Edgard Blücher
11. Mecânica Geral – Estática (coautor) – Editora Interciência