
Como é a cara de um cristão ou de uma cristã? Se nos referirmos simplesmente ao rosto, fica difícil saber a religião que cada pessoa pratica, certo? Por exemplo, se víssemos um padre conversando no meio de outras pessoas, não saberíamos que é sacerdote olhando apenas sua fisionomia. Da mesma forma, não identificaríamos com certeza o olhar de um vigarista…
Eu cheguei a pensar que seria bom se isso fosse diferente e não precisássemos perguntar sobre a fé de cada um, mas como Deus fez tudo certo, hoje vejo que se a religião estivesse estampada no nosso rosto, muitos nem se aproximariam de irmãos com outras crenças.
Certo dia, um aluno me procurou pedindo para fazer prova em outra data porque queria acompanhar sua mãe numa cirurgia. Eu concordei de imediato, mas querendo orientá-lo na busca da cura, perguntei: ‘Você é católico?’ Ele respondeu que não e eu falei: ‘Então, já que não acredita na intercessão dos santos, peça a Jesus com fé. Ele nos atende quando confiamos na Sua misericórdia.’ Ele agradeceu e, antes de sair, disse-me: ‘Fique com Deus.’
Viu como mostramos um ao outro que temos fé no coração? Nem foi preciso sermos da mesma igreja, porém, não são somente as palavras que expõem a ‘cara do cristão’. Já ouvimos tantas vezes dizer que a ‘fé sem obras é morta’ que já é hora de agirmos como cristãos autênticos!
Para isso, as palavras, as gesticulações e os nossos atos precisam ser coerentes com os ensinamentos de Jesus Cristo. Ele disse: “Ide e evangelizai todos os povos”; que significa ter dito: ‘Fale de mim, dê bons exemplos e estenda a mão aos necessitados’. Eu concordo que pouca gente age sempre assim, mas é possível melhorar.
Hoje em dia, quem olha as coisas do mundo com ambição, não tem tempo nem vontade de buscar a santidade. A televisão mostra rotineiramente desde palavrões até corpos degolados, e as audiências de programas de baixo nível estão sempre aumentando! Pelo menos, quanto a isso, nem tenho tido tempo para desperdiçar.
E numa das confraternizações que participei, uma amiga de Pastoral comentou que está cada vez mais decepcionada com as pessoas no seu emprego. Ela é professora, afirmou que leva uma rasteira após outra por parte de gente falsa e não reage à altura para não provocar baixaria. E como é triste constatar a falta de amor ao próximo vendo deslealdade a toda hora!
Portanto, quem segue os Mandamentos de Deus e da Igreja tem a verdadeira cara de cristão, porque age com humildade, perdoa sempre, participa de orações e ama o irmão sem distinção. Sabemos que é muito mais fácil praticar isso tudo quando somos bem-educados na infância, como nesta história:
Um garoto de onze anos e seu pai estavam hospedados num chalé para pescarem no imenso lago ao lado. À tarde, quando o pai foi comprar alguns sanduíches, o menino pegou a vara, colocou isca no anzol e o lançou n’água. Em pouco tempo, fisgou um enorme peixe, mas não conseguia tirá-lo do lago de tão grande! Então, avistou o pai se aproximando e gritou:
– Corra, papai, me ajude!
E não demorou muito para puxarem o peixe e verem que se tratava de uma pesca de muita sorte! O filho pulava de alegria e abraçava o pai, até que se acalmou e foi chamado para uma conversa um pouco mais séria:
– Filho, eu lhe disse que a temporada de pesca só começa amanhã, lembra?
– Sim, pai, mas eu só quis treinar um pouquinho!
– Tá certo, agora já treinou, mas temos que devolver o peixe ao lago.
– Devolver? Ele é muito grande e não sabemos se iremos pescar outro igual!
– Sei disso, filho, mas temos que respeitar as regras. Olhe, veja que ninguém está pescando ainda e não é justo fazermos isso escondido dos outros.
–Pai, deixa eu ficar com ele! Ninguém está vendo!
– Um dia você irá entender que fez a coisa certa jogando-o na água. E tem que ser agora, antes que morra. Você o pescou e você irá devolvê-lo.
Com os olhos cheios d’água e ajudado pelo pai, o garoto retirou o anzol e viu o peixe sumir no lago. Hoje, o menino também é pai, leva seus filhos para pescarem no mesmo lugar e, antes de pegarem nas varas, ele orienta: ‘Como dizia o vovô: temos que fazer o que é certo. Antes de nos avisarem que começou a temporada, ninguém pesca, entenderam?’
Ele nunca mais pegou um peixe tão maravilhoso como daquela vez – escondido do pai -, mas aprendeu que a boa conduta respeita os direitos dos outros, mesmo sem alguém estar olhando. E nas histórias que conta aos filhos, ele acrescenta:
– A ética é uma questão de certo ou errado. Quando temos certeza do que é correto, agimos lealmente, mesmo que isso signifique ‘jogar um grande peixe n’água’. E lembrem-se: ‘A boa educação é como uma moeda de ouro: tem valor em toda parte’.
Paulo R. Labegalini: Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).
Livros do autor:
1. Gotas de Espiritualidade – Editora Bookba (à venda na Amazon, Americanas, Shoptime, Magalu…) – mensagens diárias de fé e esperança, com os santos de cada dia.
2. Pegadas na Areia – Editora Prismas / Editora Appris
3. Histórias Infantis Educativas – Editora Cléofas
4. Histórias Cristãs – Editora Raboni
5. O Mendigo e o Padeiro – Editora Paco
6. A Arte de Aprender Bem – Editora Paco
7. Minha Vida de Milagres – Editora Santuário
8. Administração do Tempo – Editora Ideias e Letras
9. Mensagens que Agradam o Coração – Editora Vozes
10. Projetos Mecânicos das Linhas Aéreas de Transmissão (coautor) – Editora Edgard Blücher
11. Mecânica Geral – Estática (coautor) – Editora Interciência