Já pararam para pensar o que tem em nossa mente? Conhecem o que tem dentro de vocês ou esse mundo interno está tão escuro como uma caverna sem iluminação?
Certa vez, viajei com um grupo de amigos para uma cidade do interior de Goiás com muitas cachoeiras, trilhas, atividades radicais e cavernas. Foi em uma das trilhas que algo que vivi me chamou a atenção.
Um dos guias nos deu a possibilidade de fazer um pedaço do caminho por dentro de uma caverna. E, como o grupo com o qual estava animou de enfrentar esse desafio, fui junto. Admito que a ideia de entrar em uma caverna escura e cheia de água não me pareceu muito boa. E, a cada passo que dava em direção a essa aventura, sentia o medo que crescia dentro de mim.
Chegamos à entrada da caverna. E adivinhem! Comecei a chorar frente àquela imensidão desconhecida e escura! Nós, como seres humanos, temos muito medo do desconhecido e vejo que, assim como a caverna, nosso mundo interno permanece escuro e desconhecido se não buscamos nos aventurar nele.
Devem estar se perguntando o que fiz, se dei meia volta e fui pelo caminho seguro. Essa ideia passou pela minha mente diversas vezes enquanto encarava a caverna. Em meio às minhas lágrimas, vi o primeiro grupo dos meus amigos entrar. Olhei para trás e mais amigos estavam lá, se equipando com lanternas e capacetes e se preparando para essa aventura.
Olhando para eles me senti reconfortada. Às vezes, entrar em uma caverna ou buscar conhecer o que está dentro de nós é um difícil desafio. E saber que outras pessoas o estão enfrentando junto conosco nos conforta, pois nesses momentos, se precisarmos de ajuda, temos a quem recorrer.
Apesar desse breve reconforto, o medo ainda tomava conta de mim, mas me sentia mais forte. Queria, de verdade, superar essa situação e viver aquela aventura! Foi quando o guia me ofereceu a mão e prometeu que me ajudaria em todo o caminho.
Iria iluminá-lo, avisar quando tivessem pedras e quando a água estivesse mais funda. Não é importante termos alguém que conhece o lugar na palma de sua mão para nos ajudar a percorrê-lo? Por acaso existe um guia que nos ajuda a conhecer esse mundo interno que permanece alheio a nós?
Ao analisar a situação de maneira real, tirando toda a imaginação que criava tantos motivos para temer aquilo, observei que tínhamos o mais importante para nos auxiliar nessa jornada: instrumentos, que eram o capacete e a lanterna, e o guia.
Nesse momento, percebi que ninguém podia realizar aquele caminho por mim, só eu mesma. Mesmo que contasse com toda a ajuda possível, no fim das contas, cabia a mim decidir e enfrentar.
Então tomei a decisão. Coloquei o capacete, dei a mão para o guia e fomos na frente. No começo foi bem difícil! A entrada era baixa, a água, que batia no meio das pernas, gelada, e a escuridão não me permitia ver nada! Mas com o tempo me adaptei.
E, extasiada, percebi a imensidão daquela caverna! Iluminada, podia ver tanto seu teto se estendendo bem acima de nossas cabeças, como também, as pedras, estalactites e estalagmites.
No caminho, alguns integrantes do grupo se cortaram nas pedras, outros se desviaram do caminho do guia e tiveram que enfrentar águas mais profundas, mas ninguém desistiu. E, por fim, vimos uma luz no fim da caverna, indicando o caminho de saída, que dava na mais bela cachoeira.
Observando todo esse cenário incrível, cujo acesso só foi possível por meio da valentia para enfrentar o caminho, senti-me extremamente grata. Como se tivesse conhecido um pedaço de mim, que antes ignorava a existência.
Afinal, tinha iluminado uma parte daquela caverna escura que era meu mundo interno com a luz do conhecimento. Um conhecimento de verdadeira transcendência e importância na minha vida, que é o conhecimento de mim mesma.
Hoje, ao refletir sobre essa experiência que vivi, associo seus elementos à Logosofia. É por meio dessa ciência que tenho tido contato com ensinamentos que me auxiliam a conhecer cada vez mais meu mundo interno.
Assim como a lanterna e o capacete, os conhecimentos logosóficos são, para mim, as ferramentas que me auxiliam e que me dão a confiança de estar no caminho certo, de que sou capaz de enfrentar os obstáculos mentais, assim com enfrentei as águas geladas e as pedras no caminho da caverna.
Proponho um desafio, então: que busquemos dentro de nós a valentia para entrar na nossa caverna interna. Procuremos as ferramentas e o guia para nos auxiliar no processo. Garanto que, entre um desafio e outro, encontrarão cachoeiras tão lindas quanto a que vi em minha viagem.
Um pensamento de Maria Luiz Barreto Cortês