Por Jarbas Mattos/Fundação Logosófica
Quantas vezes os pais acordam à noite para ver se seus filhos estão respirando?
Quantas vezes saltei da cama para observar se minhas filhas recém-nascidas respiravam.
Por que não fazemos o mesmo com os nossos sonhos? Eles também são nossos filhos e podem parar de respirar. Por que muitas vezes não estamos ao lado para socorrê-los e abrigá-los nos recantos mais íntimos da alma?
No ano em que minha filha Kelvian nasceu houve um surto de crianças roubadas em maternidades. Durante a noite em que ela permaneceu na incubadora, eu não confiei apenas na segurança local: decidi me transformar na sentinela principal. Passei toda a noite vigiando aquele ser indefeso, que já me inspirava o mais profundo amor.
Como um frágil ser, os nossos sonhos podem ser roubados da maternidade mental. Eles também precisam de uma incubadora, porque quase sempre nascem prematuros e precisam do calor que lhes manterá vivos.
Às vezes achamos que os sonhos já nascem fortes, adultos e musculosos. Não, são bebês dependentes do nosso cuidado. Eles parecem grandes porque choram alto reclamando a nossa atenção, mas não passam de crianças que precisam crescer, nutridos pela decisão de torná-los reais.
Os sonhos são muitas vezes furtados do sentimento humano pela falta de vontade e indecisão no ato de realizá-los; deixam de ser sonhos e passam a ser ilusão.
Não há sonho realizado que não tenha cobrado o esforço individual. Os sábios são aqueles que conseguem sonhar e dirigir os sonhos para o cume sagrado das suas realizações.
Nossos sonhos não morrem com as quedas, deixam de existir com o golpe fatal da nossa desistência.
A falta de vontade é a ponta da lança que fere mortalmente nossos planos individuais. O esquecimento é a pá que os sepulta, muitas vezes ainda agonizantes e implorando para viver.
Cabe somente a nós envergar o arco da própria vontade, para disparar as setas dos nossos mais profundos ideais.
Se a decisão não partir de nós, ainda assim o arco das conseqüências será acionado.
Nesse caso, deixamos de ser o arqueiro que determina a direção e nos transformamos na simples flecha, que obedece a qualquer destino que lhe for imposto.
Eis o que distingue os seres que escrevem o seu próprio futuro, daqueles que apenas são arremessados para um destino incerto e vulgar.