Ocorre que os alunos estavam errados! NASDAQ (a sigla que é formada pelo termo em língua inglesa: Nacional Association of Securities Dealers Automated Quotation) é o índice de um dos mercados de balcão dos Estados Unidos (a propósito, os mercados de balcão são mercados similares às bolsas de valores e que são responsáveis por cerca de 41% do total de volume, em dólares, das ações e demais papéis financeiros negociados endogenamente à economia americana). As cotações da NASDAQ se referem, em um grau muito elevado, às flutuações das ações patrimoniais das empresas de tecnologia de ponta. Diz como vão essas empresas, que pertencem a um “novo” mundo econômico – que desponta com seus altos e baixos. Avanços e recuos. Como ocorreu, há cerca de dois séculos, quando do início da Revolução Industrial européia.
Os projetos empresariais dessa nova economia se multiplicam em todo o mundo, inclusive aqui em Itajubá (no Sul de Minas), com as empresas cada vez mais automatizadas. Essas empresas são empresas que vencem. Porém, também, são empresas que quebram.
Pois aqui reside uma dúvida: os empresários, a população, os economistas e os financistas tradicionais estão conscientes das transformações financeiras, econômicas e sociais desse novo mundo contemporâneo?
Para discutir sobre essa questão é necessário, antes de tudo, lembrar a primeira lição ensinada aos alunos de Economia. Essa primeira lição – aquela que vem logo depois do vestibular – é a seguinte: os desejos humanos não têm limites, por isso, as necessidades materiais da humanidade são ilimitadas. Insaciáveis. Mais ainda, elas multiplicam-se à medida que o ser humano vive mais e vive melhor. Todavia, os recursos econômicos, para fazer frente a essas necessidades são relativamente limitados – são escassos. Assim, terras para lavouras, edificações, água para reservatórios municipais, fábricas e armazéns não existem de forma irrestrita. E se existissem não haveria desafios à humanidade. E sem desafios não haveria progresso.
Ora, o princípio da escassez sempre foi a “pedra angular da Ciência Econômica”. Tome-se, aqui, um exemplo: a primeira tonelada de cobre explorada numa mina tem um custo monetário. A segunda tonelada tem esse custo mais alguma quantidade monetária adicional (podemos continuar este raciocínio até chegarmos à noção de custo marginal – que, explicando de maneira simples, são aqueles custos que estão na margem da atividade econômica específica).
O mesmo raciocínio vale para a extração do petróleo, do ouro – porquanto todos eles: o cobre, o petróleo, o ouro são matérias-primas finitas. Limitadas (têm até previsões para o seu fim). Essa regra, de forma relativa, vale para praticamente todos os recursos naturais renováveis. Por isso, a Economia tradicional e a visão financeira tradicional, em todas as suas trajetórias científicas e práticas, sempre tiveram suas teorias baseadas na escassez dos recursos naturais.
A nova Economia e a era financeira da contemporaneidade – a do NASDAQ – são diferentes.
Não mais podem ser analisadas a partir do princípio da escassez. Passaram a ser baseadas no saber, no conhecimento – que são infinitos. Incomensuráveis. Ilimitados. E não têm previsões para o seu fim.
Observe-se, aqui, outro exemplo: a primeira cópia de um sistema operacional de computadores do tipo Windows custou milhões de dólares. A segunda cópia custou apenas o preço comercial de um disco de instalação do programa. Em outras palavras, a informação, o conhecimento e a capacidade de programar vêm jogando o preço dos produtos das empresas do NASDAQ ladeira a baixo. Daí seus êxitos e fracassos.
Essa nova lógica (que inclui a noção de networks, software e hardware), inclusive, deve ser bem percebida pelos empresários que querem ser vencedores. O recurso principal da atividade econômica moderna e, conseqüentemente, da boa capacidade de solvência financeira, é o conhecimento humano, é a capacidade inventiva do homem (ou, alternativamente, o capital intelectual). Sobre essa lembrança, que fiquem os pensamentos do saudoso economista J. A. Schumpeter que sempre nos reiterou a importância do conhecimento e da inovação (e da importância central do empresário inovador) para a dinâmica econômica e financeira.
A nova Economia e a saúde financeira da firma têm sua base num recurso inesgotável: o conhecimento, que vem alcançando o ciberespaço.
De tudo isso, uma simples observação: estamos adentrando para um período em que a educação do povo é, mais do que nunca, a base do desenvolvimento econômico, financeiro e social da “nova Economia labiríntica”. Aqui, certamente, não existem atalhos: uma sociedade só encontrará o progresso quando seguir esse caminho!