Sem dúvida, nosso mundo se tornou mais barulhento pelos ruídos de aparelhos inventados pelo homem. A poluição sonora é considerada o terceiro maior problema ambiental mundial, mas parece que a grande maioria dos trabalhadores não está preocupada com este grave problema, isso porque muitos ainda não sentiram nenhum efeito de perda auditiva. De maneira geral, a perda de audição ocorre gradativamente, o que faz com que os trabalhadores negligenciem o uso de protetores para o ouvido, achando que tudo vai bem com a audição.
É muito comum ver principalmente os mais jovens ouvirem música com o uso de fones de ouvido quando estão em viagem ou caminhando. Espanta-me que ouçam em volume tão alto, tanto que é possível a quem está ao seu lado também ouvir a batida da música. Há jovens que bem cedo já apresentam lesões auditivas graves pelo hábito de ouvir músicas em tom exageradamente alto.
A poluição sonora é mais um fator de estresse nos dias atuais. São motos barulhentas, carros com motores envenenados, britadeiras, buzinas, autofalantes em carros e motos fazendo propaganda comercial e política, haja paciência! Nossa audição simplesmente não está preparada para os níveis de ruído causado pelas máquinas. Além das máquinas, ainda há os pobres cães de apartamentos que latem constantemente como, aliás, é de sua natureza, porém importunando os vizinhos que chegam à casa procurando inutilmente por paz e sossego que não encontram na rua barulhenta. Nada pessoal contra os cães que amo de paixão, mas há casos e casos.
É um dos preços a pagar pela era moderna. Quando penso que meus pais praticamente ouviam apenas o toc-toc dos cavalos nas ruas, o cocoró das galinhas no quintal, à noite o croc-croc dos sapos e o cri-cri dos grilos, o grito do leiteiro e padeiro nas portas, o bater das latas de leite, o riso das alegres comadres que varriam suas varandas e calçadas, uma canção ao longe no rádio e as músicas clássicas que o padre costumava tocar no autofalante da igreja à noitinha, bem, retomando lá em cima, concluo então que eles, meus pais, ficaram com a melhor parte.
Cruzes! Parece que descrevi a vida de algum planeta perdido, bem diferente do nosso. Mas ainda faltou um barulho muito especial e inconfundível, e este, creio eu, já está se tornando um desconhecido para nós: o delicioso barulho da chuva no telhado e na vidraça, que talvez daqui por diante iremos ouvir apenas nessas gravações para aliviar a ansiedade. O dó! Como diz uma amiga!