Grosso modo, uma das formas possíveis de entender este contexto é perceber que hoje existe uma medicina cujo foco é a saúde e outra medicina cujo foco é a doença. Não se pode negar a importância de cada uma dentro de contextos específicos, no entanto, um olhar atento pode despertar inquietação.
A medicina “da doença” envolve gastos orçamentários consideráveis devido à atual complexidade das estruturas hospitalares e ao impacto no setor produtivo decorrente do afastamento de pessoas por motivos de doença. Da mesma forma que em outras atividades comerciais, é neste tipo de medicina que o mercantilismo encontra espaço de atuação, sendo relevante o papel da indústria farmacêutica (Ex: filme norte americano “Jardineiro fiel”).
Por outro lado, a medicina que tem como foco a saúde, além de menos custosa pode ser mais efetiva do ponto de vista social. Esta prática deve ser iniciada precocemente dentro da sala de aula em todas as instituições sérias de ensino. Sua base vai desde o ensino sobre o que é uma alimentação saudável, passa por uma discussão sobre a necessidade de períodos sem estímulos (ócio) em que se possa entrar em contato consigo mesmo (essência), chegando até orientações sobre como a forma de agir e pensar pode influenciar a vida da pessoa. Estas medidas são suficientes para reduzir doenças como a obesidade, a hipertensão, o tabagismo e o etilismo, distúrbios como ansiedade e depressão, além de propiciar o aparecimento de pessoas com capacidade criativa para redimensionar modelos que o tempo mostrou serem ineficazes. Propostas simples como estas podem gerar grande impacto positivo no longo prazo (planejamento estratégico), tempo que muitos brasileiros imediatistas ainda têm dificuldade em compreender a importância.
A escola, cuja responsabilidade é auxiliar na formação de pessoas criativas e com pensamento livre, é o local ideal para a promoção da saúde, tendo em vista seu potencial para informar e formar pessoas com uma visão de promover e preservar SAÚDE, superiores aos atuais prevenir e remediar DOENÇAS. Conforme a sabedoria popular sabe: “prevenir é melhor que remediar”; acrescente-se aqui que prevenir é menos custoso que remediar, o que ganha importância no Brasil, país de dimensão continental, cujo desnível social não é o melhor cartão de visitas.