A polêmica sobre a volta às escolas
Uma grande amiga de Santa Maria (RS) me enviou o texto de um Pediatra da cidade, Zeca Barradas. Prá se pensar…
“Observando as ruidosas manifestações pela volta às aulas, quando a sociedade como um todo passa pelo pior momento da pandemia, fico pensando sobre qual parte da história perdi…
Declarações inflamadas cobram do prefeito, dos vereadores, da justiça a volta às aulas, como se as crianças vivessem numa bolha de um mundo imaginário e paralelo…
Quem discorda do momento de retorno às atividades escolares, é acusado de ignorar o sofrimento de nossas crianças e desejar o atraso de uma geração…
Mas vejamos alguns fatos (fatos, não suposições ou pensamentos mágicos):
- As crianças adoeceram menos e menos gravemente por Covid até aqui… mas estiveram também, até aqui, menos expostas, o que impede uma clara definição dos riscos de uma exposição maciça ao vírus… há vários relatos de aumento de internações pediátricas por Covid nos locais onde as aulas foram liberadas…
- As crianças, por apresentarem carga viral menor, aparentemente transmitem menos a doença, mas transmitem… o que aumentará a já alta circulação viral na comunidade…
- As crianças, como toda a sociedade, certamente estão sofrendo, física, pedagógica e emocionalmente com o afastamento social… mas mais ainda aquelas que dependem da escola prá comer, ter segurança, sair das ruas… nestas, cujas escolas certamente não contam com o mínimo de segurança sanitária, pouco se ouve falar…
- Quando se fala em protocolos de segurança, fico a me perguntar quem conhece além do portão do colégio a realidade da infra-estrutura da sua escola (instalações, pessoal…) e o comportamento das crianças quando em grupo?
Então, com certeza, TODA a sociedade quer a volta às aulas… mas este retorno certamente deve ser precedido da criação de condições mínimas de segurança prá TODA a comunidade escolar (que inclui professores, funcionários, pais…), de TODAS as crianças… esta sim deveria ser a prioridade de TODOS os que se dizem preocupados com a educação, e não enxergar apenas os problemas e necessidades do próprio filho…
Aceitar que a volta às aulas neste momento sirva prá acentuar ainda mais o caos educacional e sanitário no qual nosso país está mergulhado, me parece insano… mas estes são os tempos nos quais vivemos…”
