À primeira vista, quem olhasse para aquela pintura tinha a impressão de estar vendo um senhor piedoso em atitude de oração: ajoelhado, cabeça baixa, mãos postas e possuído de grande paz interior.
Porém, aproximando-se da tela e olhando com mais atenção, percebia-se que a imagem era bem diferente: via-se um homem apertando fortemente um pássaro entre as mãos e, seu semblante, refletia toda a sua ira. O pintor quis representar ali o homem hipócrita: piedoso só na aparência!
O grande pecado do hipócrita é ser um falso santo: tira proveito da religião em benefício de seu egoísmo. Na época de Jesus, os fariseus também salvavam as aparências: conheciam a Lei, mas faltava-lhes a sinceridade e o verdadeiro amor. Por isso, Cristo os colocava abaixo dos cobradores de impostos: “Os publicanos e as meretrizes entrarão no reino de Deus primeiro que vós” (Mateus 21, 31).
E a hipocrisia pode, muitas vezes, ser evitada através do nosso silêncio, pois: calar sobre sua própria vitória, é humildade; calar sobre os defeitos dos outros, é caridade; calar quando o outro está falando, é delicadeza; não falar palavras inúteis, é prudência; calar quando Deus nos fala no coração, é escuta; calar diante do mistério que não entendemos, é sabedoria!
Mas, quando se tem fé, a hipocrisia pode também ser manifestada através do mesmo silêncio: calando diante do sofrimento alheio; calando diante da injustiça; calando quando o outro espera uma palavra; calando quando Deus nos chama; calando para não ter que rezar. Tudo isto pode significar: condenação!
É importante lembrar que todas as graças nos são concedidas unicamente pelos méritos de Jesus Cristo. Graças a esses merecimentos, bênçãos formidáveis são enviadas por Deus através da Virgem Maria e dos santos, nos convidando a trilhar os caminhos da perfeição. A caridade dos santos é mais viva, pois do Céu contemplam muito melhor as necessidades de cada um.
E se eles chegaram à santidade, por que não tentamos o mesmo? Bem, um dos motivos que nos impedem é a vaidade, tornando-nos escravos da aparência física. Isso também é hipocrisia, concorda? E quando colocamos a felicidade do outro na frente da nossa, parece que estamos fazendo alguma coisa errada, como nesta história:
Uma menina tinha vergonha das mãos de sua mãe: cheias de cicatrizes e muito enrugadas. Desde a primeira vez que perguntou, soube da mãe que eram assim porque havia contraído uma doença muito grave na juventude.
Perto das amiguinhas, evitava pegar nas mãos da mãezinha para não expor aquela imagem que tanto a envergonhava. E a filha também mentia na escola, dizendo que a mamãe lavava muita roupa e sempre machucava as mãos. Assim, achava que conseguia justificar a ‘imperfeição física’ daquela que lhe trouxe ao mundo.
O tempo foi passando e, na sua humildade, a mãe daquela criança aceitava o distanciamento entre elas por um simples problema de vaidade. A menina cresceu, se casou e, um dia, sua mãe faleceu. Durante o velório, uma mulher idosa aproximou-se do caixão, pegou nas mãos daquela senhora e comentou:
– Estas mãos salvaram a vida da filha quando pequena. O cortinado do berço se incendiou e ela o puxou para junto do seu corpo para não queimar a menina. Foi uma santa mulher!
O arrependimento machucou o coração da filha porque deixou de aproveitar a mão amiga e amorosa que sempre esteve ao seu lado.
Mas, acho difícil julgar o motivo do comportamento injusto de algumas pessoas porque muitas vezes eu também coloco as minhas necessidades na frente dos mais pobres. Quanto mais me envolvo com o serviço gratuito a Deus, mais preciso rezar e vigiar meu próprio comportamento. Isso também acontece com você?
Conta uma antiga lenda que S. Pedro, depois de ter chegado a Roma e trabalhado muito na formação daquela comunidade, um dia decidiu fugir por causa das constantes perseguições do imperador Nero aos cristãos. Pôs-se, então, em retirada, na busca de um lugar mais seguro. No caminho, deparou-se com a imagem de Cristo carregando a cruz. Assustado com aquela visão, perguntou:
– Para onde vai, Mestre?
– Vou para Roma. Se eu for mais uma vez crucificado, talvez vocês aprendam a cumprir suas missões até o fim.
Assim que Jesus desapareceu, Pedro retornou a Roma, continuou sua pregação e morreu crucificado de cabeça para baixo.
No capítulo 12 da Carta aos Romanos, São Paulo nos mostra o caminho da santidade: “Quem distribui donativos, faça-o com simplicidade; quem preside, presida com solicitude; quem se dedica a obras de misericórdia, faça-o com alegria. Detestai o mal, apegai-vos ao bem. Sede zelosos e diligentes, fervorosos de espírito, alegres por causa da esperança, fortes nas tribulações, perseverantes na oração”.
E muitos outros ensinamentos vêm na sequência. Leia o resto, pratique e será santo no Céu.
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Fonte: Vicentino, Ovisista e Cursilhista de Itajubá. Engenheiro e professor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG). Autor do livro ?Histórias Infantis Educativas? ? Editora Cléofas.