A vida – da forma que está sendo vivida – é uma esteira rolante, que arrasta quase todas as pessoas para um destino comum. Nela estão pobres e ricos, analfabetos e intelectuais, governantes e governados, que estão sendo inconscientemente conduzidos pela força dessa esteira, em forma de cultura. Poucos são capazes de perceber e neutralizar esse poder, que nos empurra para uma vida medíocre e intranscendente. Há homens que se vangloriam de seu poder ou sua capacidade intelectual, mas ainda não enxergaram que somente seus diplomas e títulos não impedem que eles permaneçam neste mundo apenas comendo a merenda, porque a escola maior, que é a experiência superior da vida, não foi compreendida.
Perceber essa inconsciência na qual se acha paralisada a esmagadora maioria dos homens e mulheres é um importante resultado na meta da minha evolução. Essa percepção me inclui entre aquelas pessoas que tiveram a determinação e a valentia de sair do raio de ação dessa esteira. É possível desenhar o nosso próprio destino, caminhando com os recursos que o livre-arbítrio nos confere. Livre-arbítrio significa a sagrada capacidade individual de arbitrar sobre a nossa própria existência.
Reconheço que alguns filósofos observaram que o ser humano tem a faculdade de interferir no seu próprio destino. Mas os efeitos até agora dessa percepção continuam ocorrendo nos limites do plano físico, ou seja, dentro da esteira rolante que ilustrou a imagem anterior. Isso é diferente de sentir-se apoiado numa consistente essência interior, que nos faz marchar com confiança, alegria, equilíbrio e consciência, para vencer no grande campo de luta que é a vida.
Recordo-me da história real contada por um homem que, quando caminhava pelas terras da fazenda que havia comprado, deparou-se com uma das belezas naturais mais encantadoras do mundo. Tomado por forte emoção, perguntou aos companheiros que testemunharam o fato:
– Vocês têm certeza que eu sou o dono desse lugar?
Ele mesmo, como proprietário único daquele patrimônio, ainda não conhecia o que possuía. Esse lugar no Pantanal Mato-grossense transformou-se numa reserva ecológica mundialmente admirada.
Essa é a sensação quando nos deparamos com as maravilhas do nosso mundo próprio, porque descobrimos o que já possuíamos, mas que o desconhecimento dessa posse nos impedia de desfrutar.
Viver com o conhecimento que temos uma herança individual, uma essência que não vai acabar no túmulo; isso significa um extraordinário resultado na vida psicológica e espiritual, que se revela em segurança, direção e equilíbrio. Com esse estado interior, é possível colocar a mente por cima das preocupações comuns, para que o espaço mental fique mais livre para cumprir a sua finalidade superior.
Viver é exercitar a capacidade de pensar, ser, fazer e realizar, para ser melhor a cada dia. Sem o horizonte desse ideal, a vida não é mais do que uma folha vagando ao sabor do vento, ou um frágil galho arrastado pela correnteza do destino comum, para onde são levados os que não souberam assumir a direção da vida, nem a posse definitiva da própria existência.
Acordar pela manhã e saudar o brilho do dia. Saber que ainda somos uma entidade humana incompleta e que cabe somente a nós a responsabilidade de complementar a divina obra. Honrar cada dia da vida como uma oportunidade de elevar a própria luz, ser melhor e evoluir. Isso é dirigir a vida e compreender a suprema missão da existência.