O que fazer com relação à violência no Brasil? Aprovar leis penais mais duras? Segundo Luiz Flávio Gomes, jurista e professor, foram editadas 154 leis penais de 1940 a 2014, e somos o 3º país do mundo em superlotação carcerária, sem nada diminuir a criminalidade. Continuar construindo presídios sem critérios de justiça, permitindo que os encarcerados continuem dando ordens de ataques lá de dentro? Mais um pouco e realmente teremos mais presídios do que escolas. Ainda segundo o professor Flávio, gastamos muito com segurança pública (mais de 260 bilhões de reais em 2014, sem nenhuma eficácia preventiva). Reprimimos pouco e não prevenimos nada. De acordo com o professor, a única solução para que o Brasil saia da sua vergonhosa posição de 79º colocado em segurança pública, é o país conseguir entrar para o primeiro grupo em IDH (Índice de desenvolvimento humano), que tem a média de 1,8 assassinatos para cada 100 mil pessoas. E como entrar para o primeiro grupo? Bem, os países em que as cidades não constam da lista das mais violentas, investiram na tão necessária escolarização, saúde e renda per capita da população por décadas e mais décadas. Mas certamente esta não é a prioridade de nossos políticos e governantes corruptos.
O Brasil, um país tão rico! Tinha e talvez tenha tudo para dar certo, e fazer o certo não deve ser tão difícil, difícil é encontrar a cura para a ambição desmedida e desonestidade dos governantes. Os trabalhadores brasileiros não mereciam uma realidade tão triste como essa! (veja o episódio da Petrobrás) Pobre Brasil! Como foi que chegamos a isto? Ao que tudo indica, se os governantes continuarem de olhos fechados, estamos cotados para o primeiro lugar em cidades violentas, aliás, é de olhos fechados mesmo que eles optaram por permanecer desde que recebam o prêmio de acordos espúrios com o poder paralelo. Não se enganem, seus olhos de lince são capazes de ver com perfeição cada cifrão de suas gordíssimas contas bancárias nos paraísos fiscais. Seus olhos permanecem fechados somente para a sangrenta realidade brasileira. Não é mera coincidência que a violência tenha crescido na mesma proporção que a corrupção dos governantes, líderes nacionais e afins. A corrupção dos que governam o país é o ingrediente perfeito para cozinhar em fogo alto a violência que um dia vai explodir.
Não adianta tentar copiar os modelos bem sucedidos de outros países para reduzir a criminalidade e violência sem antes expurgar a corrupção de grande maioria dos políticos. Nova York conseguiu reduzir a criminalidade a partir da década de 90 com muita prevenção e alta certeza do castigo, sejam para os delinquentes marginalizados como para os de colarinho branco. Aqui estamos a anos luz da certeza de castigo tanto para aqueles como para estes. Quantos exemplos já tivemos de CPIs que não passaram de blá-blá-blá. No frigir dos ovos todos conseguem se safar, tudo farinha do mesmo saco. Nosso país tem, pois, um grave problema: começar do zero, única saída.
Ah tenha dó! Fala a verdade, seu Tibério! (como costumamos falar em família) No mês de janeiro os bandidos explodiram um caixa eletrônico por dia em São Paulo. Os especialistas estão se aperfeiçoando cada vez mais. E cada vez estão mais violentos, mais audaciosos, sem medo de nada nem de ninguém. Quanta roubalheira! Quanta impunidade! Quanta falta de vergonha! Que saudade dos malandros cariocas e dos inocentes trombadinhas de décadas passadas! Faz-me lembrar de um fato que aconteceu com minha prima em São Paulo no início dos anos 70. Estava ela na feira quando ouviu: “Pega ladrão! Trombadinha! Roubaram a carteira!” E minha prima: “De quem? De quem?” Ao que responderam: “A sua!”. Roubar carteira era ainda o máximo da violência naquela época. Que saudade!