Ácaros herbívoros são capazes de manipular a planta e desarmar o seu sistema de defesa quando as mesmas são atacadas. A descoberta foi realizada por um grupo de pesquisadores da Entomologia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), da Universidade Federal de Tocantins (UFT) e da University of Amsterdam (UvA), da Holanda, apoiado pelo Programa Bolsa Conhecimento Novo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
“Ao entendermos o mecanismo que leva a esta manipulação, podemos usar estes conhecimentos para proteção de plantas com interesse econômico, como na agricultura, e melhorar o procedimento de pesquisas de plantas resistentes a pragas”, esclarece o pesquisador da UFV e coordenador do projeto, Angelo Pallini.
Defesa de plantas
Plantas têm mecanismos complexos para se defender contra patógenos e herbívoros. Os mecanismos de defesa variam desde um fortalecimento estrutural, como o enrijecimento das paredes das células, até um aumento na produção de compostos tóxicos, como acontece em plantas de fumo.
Em caso de ataque de um herbívoro, as plantas também podem produzir odores que atraem os inimigos desses herbívoros. No entanto, as interações de plantas e herbívoros fazem parte de uma luta evolutiva contínua em que um tenta destruir o outro. Dessa forma, pesquisadores há muito tempo suspeitam que os herbívoros de fato podem estar aptos a interferir em alguns dos mecanismos de defesa das plantas.
As pesquisas desenvolvidas pelo grupo são as primeiras a produzir evidência experimental da defesa de planta pelos herbívoros. Os pesquisadores descobriram que o ácaro vermelho (Tetranychus evansi) é capaz de eliminar a indução de compostos de defesa em plantas de tomate. A interferência provou-se tão efetiva que as plantas atacadas tornaram-se melhores fontes de alimento e mais atrativas aos ácaros do que as plantas que não sofreram ataques. Os níveis de compostos de defesa tornaram-se ainda mais baixos que em plantas que não estiveram sob ataque.
“Essas descobertas dão uma nova luz nas pesquisas sobre as interações planta-herbívoro, proteção de plantas e resistência de plantas a espécies nocivas. Esse novo conhecimento não é apenas de interesse científico, mas também tem crucial implicação para a melhoria e inovações dos sistemas de manejo sustentável de pragas em plantas cultivadas de interesse econômico na agricultura”, revela Pallini.
A pesquisa foi desenvolvida pelo pesquisador Renato de Almeida Sarmento, orientado por Pallini e pelo professor Arne Janssen, da University of Amsterdam.
Bolsa Conhecimento Novo
A Bolsa Conhecimento Novo faz parte do Programa de Apoio a Cursos notas 6 e 7 (PACSS). Ela foi criada por meio de um Acordo de Cooperação entre a Fapemig e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), assinado em 2009. No caso específico dos cursos com conceito 7, a proposta foi criar estímulos para que eles desenvolvam atividades de pesquisa e pós-graduação em temas novos, que representem desafios para as áreas de conhecimento. O apoio, concedido através da Bolsa Conhecimento Novo, é oferecido pelo período de três anos ao pesquisador talentoso selecionado para atuar na fronteira do conhecimento. São concedidos R$ 300 mil por três anos, com bolsas mensais no valor de R$ 6 mil. O Programa concede, ainda, um valor de custeio para apoio ao projeto do pesquisador.
Outras informações podem ser conseguidas na Central de Informações da Fapemig:[email protected]
Fonte: Agência Minas