Um senhor extremamente rico vivia com muita fartura. Bens materiais ele tinha todos, mas não conseguia dar à esposa aquilo que ela mais desejava: um filho. Após muitos anos tentando ter a criança tão esperada, um tratamento no exterior permitiu que o herdeiro viesse ao mundo.
Devido ao parto prematuro, o menino nasceu com alguns problemas de saúde e foi crescendo tomando muitos remédios. Aos doze anos, ele contraiu uma doença seríssima e, antes de morrer, quis pintar um quadro com a melhor qualidade que conseguisse; porém, por estar na cama de um hospital, as pinceladas não saíram tão bonitas. Mesmo assim, o quadro foi colocado na sala da mansão da família após sua morte.
Pouco tempo depois, os pais do menino perderam a vontade de viver e foram se entregando nas mãos de Deus, até que faleceram também. E por não terem parentes próximos, deixaram uma fortuna em quadros famosos a uma creche da cidade. Todos foram a leilão, inclusive o quadro do filho.
Assim que o leiloeiro deu início aos lances, começaram a gargalhar quando viram que aquela primeira obra era de péssima qualidade. Todos só olhavam para os Van Gogh e Picasso que viriam depois, mas o leiloeiro insistiu:
– Tenho ordens de não prosseguir o leilão enquanto este quadro não for vendido.
Como nenhuma oferta foi feita, uma senhora de idade se levantou no fundo da sala e disse:
– Minha gente, perdoe a minha intromissão, mas trabalhei na casa do benfeitor da creche e proprietário destes quadros. Sei que este que está sendo leiloado foi pintado com muita dificuldade motora e também sou testemunha que o menino artista era muito amado pelos pais. Se ninguém quiser comprá-lo, dou vinte reais e vinte centavos por ele. Só não dou mais porque não tenho.
Muitos continuaram rindo e um senhor gritou:
– Vamos, venda logo a ela para que possamos prosseguir o leilão.
E quando o quadro foi arrematado pela senhora, o leiloeiro leu um bilhete deixado pelo ricaço falecido, assim: ‘Quem comprar a obra do meu filho, terá direito de ficar com todas as outras’.
Pois é, a senhora não investiu apenas vinte reais e vinte centavos naquilo que deu valor, mas investiu tudo que tinha na obra do filho! E nós, será que também valorizamos a obra do Filho de Deus a ponto de nos doarmos completamente para nos tornarmos herdeiros do Pai? Quanto vale pra você o sacrifício do Filho na Cruz?
E para não ficar a impressão de que já perdemos muito tempo na vida e agora não adianta mais tentarmos um lugarzinho no Céu, lembre-se do bambu chinês. Depois de plantar sua semente, não se vê nada por aproximadamente cinco anos, exceto um pequeno broto. Todo crescimento é subterrâneo: uma complexa estrutura de raiz, que se estende vertical e horizontalmente pela terra. Então, ao final do quinto ano, o bambu chinês cresce até atingir a altura de vinte e cinco metros!
Muitas coisas na vida são iguais ao bambu chinês. A gente investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir o crescimento pessoal e, às vezes, não vê nada por semanas, meses ou anos; mas, se tiver paciência para continuar trabalhando, o ‘quinto ano’ chegará e, com ele, virão mudanças jamais imaginadas.
Sempre é preciso muita ousadia para chegar às alturas e, ao mesmo tempo, muita profundidade para agarrar-se ao chão. Bem, mas continuar preso à terra ainda é mais fácil do que se aproximar do Céu, porém, com humildade, caridade e paciência, vamos buscando a santidade. Não devemos perder as esperanças em obter a cura do corpo e da alma, porque foi o próprio Filho quem disse: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (João 10, 10).
Então, sugiro que deixemos as ‘obras mais famosas’ para serem disputadas nos leilões da vida e passemos a buscar a maior obra de todas: aquela que pode ser partilhada e não custa caro. O preço justo por ela não está no bolso de cada um, mas no coração. Quem souber valorizar os ensinamentos do Evangelho, estará oferecendo sua gratidão a Deus e investindo sua vida para herdar a eternidade no Paraíso.
Nenhuma tecnologia de ponta pode produzir fé, esperança e caridade nas pessoas como você, se quiser. Basta acreditar que o Espírito Santo estará ao seu lado na luta contra o mal, e nunca é tarde para começar. Nem mesmo os pecados cometidos lhe atrapalharão. Recorde que aúnica diferença entre a traição de Pedro e a do outro apóstolo – Judas Iscariotes – foi o comportamento que tiveram depois: Judas, em desespero, se enforcou; Pedro, arrependido, chorou amargamente e pediu perdão.
O santo morreu crucificado de cabeça para baixo e foi sepultado na Colina do Vaticano, onde hoje está a grande Basílica de São Pedro. Não precisamos morrer como ele, mas também nunca devemos deixar de aceitar o Filho – nem em pensamento!