Políticos e homens poderosos parecem sofrer de uma ganância crônica. Querem sempre mais. Falsificam documentos com a maior facilidade, o que torna claro que quem tem dinheiro tudo pode e consegue em nosso país. Certa vez fui declarada como morta pelo INSS, engano considerado comum e corriqueiro pelos que lá trabalhavam. Nem bem morta já esfolada, ou seja, tão logo me deram por morta, cortaram meus proventos imediatamente. Entretanto, mesmo provando que estava bem viva, tive que esperar três ou quatro meses para voltar a receber minha aposentadoria. É que sou uma cidadã comum, sem poder algum.
Além de perigoso, o Brasil é um país desleixado, onde ninguém faz seu dever de casa, como se costuma dizer. Não existe manutenção em estradas, em pontes, em máquinas, em adutoras, em nada. Quase todo brasileiro sabe que paga impostos altíssimos e que não tem o retorno que merece. A falta de educação vai dos mais graduados e bem posicionados na vida aos mais simples. Exemplo disso é o filho de deputado ou ministro que dirige bêbado e esmaga pedestres na calçada ou o motorista do caminhão que displicentemente causou a morte e ferimentos em pessoas no Rio. O que se ouve sempre das autoridades é que os fatos serão apurados com rigor e os culpados punidos. E tudo continua do mesmo jeito, o Estado não cuida de seus filhos.
Mas você deve estar estranhando o fato de o título deste artigo ser “alegria”. Como alegria no meio de tudo isso? Pois é. Além da insegurança a que estamos expostos ainda carregamos, cada um de nós, um drama pessoal, a perda de um ente querido, a falta de um emprego ou uma doença. Quanto mais o mundo se moderniza, permitindo muitas facilidades ao toque de um botão, as pessoas se tornam mais desanimadas e sofrem com a ausência de alegria. A Organização Mundial da Saúde estima que mais de 500 milhões de pessoas padeçam de uma tristeza crônica acompanhada de irritação ou mau humor, é a distimia, que dizem ser uma doença relativamente nova. Li um texto do Pe. Wagner da Canção Nova em que ele fala sobre “rascunho de alegria”, ou a alegria que vem de fora para dentro, ou aquela alegria que passa rápido como a compra de um carro novo ou um novo aparelho celular. Bom, esta alegria logo se esvai como água.
O que nos resta? Se as coisas já estão feias, ficar mais tristes ou insatisfeitos ou deprimidos só fará tudo piorar mais ainda. A saída é cultivar a alegria interior, a que vem de Deus, que nos faz viver “entristecidos, porém alegres” como nos aconselha São Paulo. E também cultivar o senso de humor. Quem tem que não o deixe ir embora, e quem não o tem, que aprenda a ter. Lembro-me de uma foto muito antiga de meus tios que nomeei de “vida” porque a alegria genuína com que todos se apresentavam era notória. Um deles me disse quando ainda vivia: “nós não tínhamos nada, éramos pobres, trabalhávamos todos na canjiqueira, mas éramos felizes por nada e por tudo”.
Termino com uma citação que o Pe Wagner faz de Santo Agostinho: “Ó homem, ó mulher, aprenda a dançar senão os anjos do Céu não saberão o que fazer contigo”. E vamos que vamos …