– Querido Deus, tudo o que criou é perfeito, porém, há uma coisa que não serve para nada!
Curioso com aquela afirmação e impressionado com a coragem do homem, o Pai indagou:
– Mas, por que está dizendo isso? O que foi que fiz que não lhe agradou?
– Não vejo nenhum sentido no ‘horizonte’! Olho para frente e lá está ele muito distante; então, caminho em sua direção e não consigo me aproximar. Quanto mais ando, mais distante ele parece estar! Passei grande parte da minha vida tentando conhecer o horizonte e nada! Se ninguém nunca chega até ele, por que o criou?
E Deus, na sua infinita sabedoria, pacientemente explicou:
– Meu filho, o horizonte serve para que a humanidade nunca deixe de caminhar. É caminhando que as esperanças se renovam; é caminhando que as pessoas se ajudam; é caminhando que todos buscam a felicidade; enfim, é caminhando que se vive!
– Puxa, eu não havia pensado nisso! E também foi caminhando que eu cheguei aqui no Paraíso, porque, no cansaço, eu rezava e pedia a sua proteção, meu Pai.
– E quando você caiu, eu o carreguei no colo para que não deixasse de caminhar.
Lindo isso, não? Eu gostei dessa história principalmente porque retrata a realidade. É olhando para frente que nos libertamos dos erros do passado e é olhando para o horizonte que percebemos que a nossa caminhada não tem limites. As barreiras que encontramos são muitas, mas Deus nos mostra muitas alternativas para seguirmos em frente.
E só quando estamos na direção certa, o horizonte começa a se aproximar, porque ele se confunde com o Céu e lá todos podem chegar. Sabendo disso, eu olho para o horizonte e vejo letreiros luminosos com as palavras: fé, esperança e caridade. São os dons teologais que recebemos no Batismo e nos ajudam a caminhar com dignidade cristã.
Não é através da fé que as esperanças se renovam e a caridade tem sentido? Ou será que é tendo esperança que crescemos na fé e praticamos a caridade? Talvez, fazendo mais caridade, alimentamos a fé e teremos esperança num mundo melhor! Bem, não importa a ordem, o importante é caminharmos com os três dons em direção ao horizonte.
E se o horizonte não é tão fácil de compreender, o que haverá além do horizonte? Esta outra história nos ajudará na reflexão:
Num lindo parque florido, um garoto parou ofegante na frente de um senhor idoso sentado confortavelmente no banco e, cheio de alegria, falou:
– Veja o que encontrei!
Na sua mão estava uma flor com as pétalas caídas. Querendo ficar livre do menino, o velho apenas sorriu e voltou a ler seu jornal. O garoto, porém, insistiu:
– Veja como é linda! Agora ela é toda sua, pode pegar!
Novamente olhando para aquela flor morrendo, o senhor pensou ser uma brincadeira de mal gosto, mas, para ter sossego, estendeu a mão esperando que o menino se aproximasse. Foi quando percebeu que o garotinho era cego! Então, teve certeza que aquela era a flor mais linda daquele lugar e a pegou com as duas mãos. Em seguida, emocionado, o velho abraçou o menino e exclamou:
– Muito obrigado, meu rapaz!
– De nada – respondeu o menino, e voltou a brincar ali por perto.
Naquele momento, o idoso senhor projetou na sua mente o filme da sua vida e viu em quantos momentos ele foi cego. Levou aquela feia flor ao nariz, sentiu o quanto seu perfume lhe aliviava a alma e, chorando, agradeceu a Deus pela beleza da vida.
Com certeza, ele passou a enxergar além do horizonte e viu muitas pessoas clamando por socorro. Ficou incomodado com seu passado, onde passou a maior parte do tempo indiferente ao amor ao próximo. Precisou Deus se revelar naquele menino para ele perceber que tinha uma grande missão: deixar de ser cego para o mundo e transformar os corações de outras pessoas. Olhando para além do horizonte, passou a enxergar os pobres ao seu redor!
Pois é, a primeira reação da pessoa incomodada é querer se ver livre de todos que não lhe são agradáveis. Nessas horas, é preciso lembrar o exemplo de Jesus, no capítulo 7 de Marcos:
“Trouxeram-lhe um surdo tartamudo e rogaram-lhe que impusesse as mãos sobre ele. Afastando-se da multidão, Jesus meteu-lhe os dedos nos ouvidos e fez saliva com que lhe tocou a língua. Erguendo depois os olhos ao céu, suspirou dizendo: ‘Effathá’, que quer dizer ‘abre-te’. Logo os ouvidos se lhe abriram, soltou-se a prisão da língua e falava corretamente. Jesus mandou-lhes que a ninguém revelassem o sucedido; mas quanto mais lhes recomendava, mais eles o apregoavam. No auge do assombro, diziam: ‘Faz tudo bem feito: faz ouvir os surdos e falar os mudos’.”
Portanto, lembre-se: você encontrará a resposta para todos os seus problemas com amor no coração e olhando além do horizonte!