Maioria dos casos ocorre até os três anos de idade; entre adultos a incidência é de apenas 2%
Natal, setembro de 2008 – Estima-se que as alergias alimentares (AA) atinjam de 5 a 8% das crianças nos primeiros anos de vida – sendo que 80% dos casos ocorrem até os três anos de idade – contra 2% de adultos. Este é um dos dados que será apresentado pela médica Themis Reverbel da Silveira, coordenadora do Programa de Transplante Hepático e chefe do laboratório de Hepatologia Experimental do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (RS), durante o 65° Curso Nestlé de Atualização em Pediatria, que acontece de 24 a 28 de setembro, em Natal (RN).
O termo alergia alimentar (AA) é utilizado para denominar reações adversas a alimentos que envolvem causas imunológicas. Ou seja, uma resposta do sistema imunológico que detecta algum componente da dieta como “perigoso” ao organismo e passa a produzir anticorpos contra ele, causando reações de hipersensibilidade.
As manifestações clínicas mais freqüentes das AA nos primeiros três anos de vida são os sintomas gastrintestinais, como vômitos, náuseas, diarréia, dor abdominal e, em alguns casos, colite (diarréia com sangue), além da dermatite atópica – doença crônica que causa inflamação na pele levando ao aparecimento de lesões e coceira. Posteriormente, manifestam-se os sintomas e sinais do aparelho respiratório, como rinite, broncoespasmo e asma.
“Na fase pediátrica, os principais agentes causadores das AA são leite de vaca, soja, ovo, trigo, amendoim, nozes e castanhas. Aproximadamente 80% dos casos nas crianças de até três anos de idade são causados por apenas três alérgenos: leite de vaca, soja e ovo. Nos adolescentes e adultos, os agentes mais comuns são peixes, mariscos e amendoim”, explica a Dra. Themis.
Como os sintomas e os sinais das AA são distintos de pessoa para pessoa, não é rara a confusão entre alergia ao leite e intolerância à lactose. Trata-se de casos diferentes que pedem tratamentos igualmente diferentes – por exemplo: é permitida a ingestão de pequenas quantidades de leite nos casos de intolerância, já no caso de alergia, o produto não pode ser consumido.
Aproximadamente 85% das crianças perdem a sensibilidade à maioria dos alimentos que lhes provoca alergia alimentar (ovos, leite de vaca, trigo e soja) entre três e cinco anos de idade. Já a sensibilidade ao amendoim, nozes, peixe e camarão raramente desaparece. Em alguns casos, a exclusão rigorosa do alimento parece promover a diminuição da alergia. O alimento deve permanecer suspenso por aproximadamente seis meses. Após este período, o médico especialista poderá recomendar uma reintrodução do alimento e observar os sintomas. Se o indivíduo permanecer assintomático e conseguir ingerir o alimento, o mesmo pode ser liberado. Caso ocorra qualquer sintoma, a dieta de eliminação deve ser mantida.
Uma alimentação adequada no primeiro ano de vida é crucial para prevenir alergias no futuro. Os nutrientes presentes no leite materno fortalecem o sistema imunológico da criança, tornando-a menos suscetível às alergias alimentares.
Fonte: CDN / Maxpress