Nas missas, um sacerdote ficava incomodado ao ver uma senhora de joelhos, rezando o tempo todo durante a homilia. Era só ele começar a explicar o Evangelho e ela se ajoelhava. Um dia, após a celebração, o padre se aproximou da mulher e disse: ‘Minha senhora, quero lhe pedir um favor. Quando eu estiver fazendo o sermão, procure prestar atenção nas minhas palavras e, para isso, não é necessário ficar de joelhos no primeiro banco da igreja! Naquele momento, guarde o terço e permaneça sentada como os demais. Pode ser?’
Daquela data em diante, ela seguiu exatamente a orientação que recebeu, mas, ele, embora aliviado com a nova postura da fiel devota, não conseguia repetir suas belas homilias de tempos atrás. Certa manhã, voltou a falar com a mesma senhora: ‘Desculpe-me por incomodar-lhe novamente, mas eu gostaria de saber se as pessoas comentam que estou tendo dificuldades em encaixar as palavras nas reflexões que faço nas missas’. Ela respondeu: ‘Sim, eu tenho escutado falarem isso, mas, se o senhor quiser, volto a me ajoelhar e pedir a Deus que o abençoe no sermão, como fazia antes!’
Bem, só conheço a história até aí, mas se eu fosse o sacerdote, concordaria que ela continuasse rezando cada vez mais por mim. Agora, que deve incomodar a cabeça de um padre alguém sistematicamente deixar de prestar atenção na Palavra de Deus, isso deve! Mas, cada caso é um caso, como este outro:
Todo ano, durante a Novena de Natal, um grupo de senhoras rezava o terço após as orações tradicionais e, certa vez, para a surpresa de dona Zéfa, somente ela não conduziu a meditação dos mistérios em nenhum dia. Conversando com a coordenadora do bairro, ela perguntou: ‘Eu estranhei o fato de não ter sido convidada a contemplar os terços quando vocês rezaram em minha casa. Houve algum motivo para isso?’
A coordenadora respondeu-lhe prontamente: ‘Sim, no ano passado, você rezou uma Ave-Maria a mais em cada dezena. Isso me chateou porque é muito fácil seguir as contas sem errar!’ Com calma, dona Zéfa explicou: ‘Bem, lembro-me que, naquele dia, antes de você chegar, combinamos acrescentar cinco Ave-Maria pela cura da sua perna recém-operada. Graças também a isso, Deus nos ouviu, não foi?’
Pois é, como na primeira história, uma senhora ‘rezando demais’ foi mal compreendida, mas, repito: se isso acontece sempre, passa realmente a incomodar. Infelizmente para os incomodados dos dois fatos citados, as ‘orações a mais’ eram em benefício deles próprios! Se soubessem antes de reclamarem, talvez não precisassem nem se desculpar, não é mesmo?
E o Pe. Roque Schineider que contou um dia na TV o episódio de uma menina de cinco anos que foi raptada na França e ficou desaparecida por mais cinco anos! Após esse longo período, ela conseguiu fugir do local onde vivia e foi encontrada por um caminhoneiro, que a levou a uma delegacia próxima. Como não sabia dizer o nome completo do pai, nem da mãe, nem onde morava antes, lembrou-se da oração que sua mãezinha lhe ensinou: ‘Oh, meu querido anjo da guarda, sei que você protege as crianças; me proteja. Proteja também o papai, a mamãe e a vovó. Um beijo meu’. Divulgada esta oração nos meios de comunicação, os pais foram localizados.
E agora, o que dizer? A oração devolveu-lhe à família! Na verdade, como sempre ocorre, rezar só faz bem e nunca devemos desprezar uma prece feita com o coração. O que acontece, às vezes, é um certo exagero por parte de algumas pessoas que insistem em orar em momentos inoportunos; por exemplo, quando estamos numa reunião importante e alguém fecha os olhos e segue recitando o rosário… Naquele momento, todos já invocaram a presença do Espírito Santo para o encontro e seria mais produtivo que participassem das decisões.
Se alguém discorda, eu pergunto: ‘Você já viu um sacerdote rezando o tempo todo durante uma reunião? No mínimo, não seria estranho ele se omitir dos assuntos em pauta e continuar suas preces? Se necessário, concorda que todos deveriam fazer uma pausa nas discussões e rezarem juntos?’
Pois bem, há muitas maneiras de rezar, principalmente quando estamos servindo a Deus com humildade e espírito cristão: socorrendo os pobres, evangelizando, organizando eventos religiosos e estudando para o crescimento espiritual.
Por Paulo R. Labegalini: Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).
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