– Mãe, como se faz para manter um amor?
– Vou lhe explicar, filha – disse a mãe. – Pega num pouco de areia e fecha a mão com força.
A menina assim o fez e reparou que quanto mais forte apertava a areia, mais escapava.
– Mamãe, mas assim a areia cai!
– Eu sei. Agora, abre completamente a mão.
A menina obedeceu, mas o vento levou parte da areia que estava por cima.
– Assim também não consigo mantê-la na minha mão!
– Então, filha, pega outra vez num pouco de areia e deixe a mão semiaberta, bastante fechada para protegê-la e sem apertar para lhe dar liberdade.
A menina experimentou e viu que a areia não escapava. E a mãe completou:
– É assim que se faz durar um amor. Se você quer muito alguém, dê-lhe um pouco de liberdade. Se voltar com saudades, será seu para sempre; se não, é porque nunca foi seu de verdade. A liberdade é o espaço que a felicidade precisa para se expandir, meu bem.
Pois é, sabemos o quanto isto é importante porque Deus também nos dá liberdade suficiente para decidirmos entre o bem e o mal, embora saibamos que seremos mais felizes se optarmos pelo bem. Mas, mesmo sendo bom cristão, é impossível atravessar a vida sem que um trabalho saia mal feito, sem que uma amizade cause decepção, sem padecer com alguma doença, sem que ninguém da família morra e sem a gente se enganar em algum negócio. Tudo isto é verdade, mas o importante é como você reage.
Você cresce quando não perde a esperança nem diminui a fé. Quando sofre com a provação, mas tem garra para construir o que tem pela frente. Cresce quando se valoriza e sabe dar frutos. Cresce quando assimila experiências e semeia a paz. Cresce também quando é sensível no temperamento e humilde de coração. Cresce ajudando seus semelhantes, conhecendo a si mesmo e dando mais do que recebe.
A felicidade é a consequência de tudo isto. Realizando e superando as dificuldades com amor, tudo se torna mais fácil, mesmo porque o amor que doamos retorna rapidamente. Normalmente, as pessoas que mais amamos são as mesmas que também nos amam de verdade; e as que menos gostamos, pouco se importam conosco.
Para abrir o coração para o amor, eis o segredo:
Em momentos felizes, louve a Deus. Em momentos difíceis, busque a Deus. Em momentos silenciosos, adore a Deus. Em momentos dolorosos, confie em Deus. A cada momento, agradeça muito a Deus pela sua vida e seja criativo para sobreviver, como nesta história:
Uma velhinha morava sozinha numa grande casa. Não tinha amigos porque, ao longo dos anos, ela os vira morrer, um a um. Seu coração era um poço de saudades e de perdas, por isso, ela decidira que nunca mais se ligaria afetivamente a alguém.
E, para se lembrar que um dia tivera amigos, passaria a chamar as coisas pelos nomes daqueles que haviam morrido. Sua cama se chamaria Belinha, a poltrona confortável da sala de visitas teria o nome de Frida, a casa seria Glória e, o carro grande e espaçoso, se chamaria Beto. E assim viveu a velhinha solitária.
Certo dia, quando estava lavando a lama de Beto, um cachorrinho chegou ao portão – que não tinha nome porque ela achava que ele logo seria substituído. O animalzinho parecia estar com fome e ela tirou um pedaço de presunto da geladeira e o deu ao cão, mandando-o embora depois.
No dia seguinte, ele voltou, e no outro e no outro também. Todos os dias ele vinha, abanava o rabo e ela o alimentava. Não o queria morando consigo porque dizia que Belinha não comportava um adulto e um cachorro, que Frida não gostava que cães se sentassem nela e Glória não tolerava pelo de cachorro. E Beto? Bom, esse fazia os cachorros passarem mal nas curvas.
Um ano depois, o animal estava grande, bonito, e tudo continuava do mesmo jeito até que um dia ele não apareceu. Na manhã seguinte, também nada! Ela resolveu telefonar para o canil da cidade, perguntar se tinham visto um cachorro marrom e soube que dezenas de cachorros marrons estavam presos! Quando perguntaram se ele estava usando coleira com o nome, ela se deu conta que nunca dera um nome a ele.
Sentou-se e ficou pensando no cachorro querido. Onde quer que estivesse, ninguém saberia que ele tinha uma amiga. Então, dirigiu Beto até o canil e falou para o encarregado que queria procurar o seu cachorro.
Quando ele lhe perguntou o nome, ela se lembrou dos nomes de todos os amigos queridos aos quais havia homenageado. Viu seus rostos sorridentes e recordou como fora abençoada por ter conhecido essas pessoas. ‘Sou uma velha sortuda’, pensou. ‘E o nome do meu cachorro será Sortudo’, disse em voz alta. Em seguida, ao ver os cães no grande quintal, gritou: ‘Aqui, Sortudo!’. Ao som de sua voz, o cachorro marrom veio correndo.
Daquele dia em diante, Sortudo morou com a velhinha. Na visão dela, Beto parece que gostou de transportar o cachorro, Frida não se incomodou que ele se sentasse nela e Glória não ligou para os pelos do animal. E todas as noites, Belinha faz questão de se esticar bem para que nela possam se acomodar um cachorro marrom e a velhinha amada que lhe deu o nome.