Não sei quantas crônicas e poemas já escrevi e dei o nome de Amor. Não consigo encontrar título melhor ou palavra melhor para falar de Amor. Bem, vamos lá. Estava aqui hoje pensando no que escrever quando me lembrei de minha mãe que contava sobre minha tia. Lá pelos idos de quarenta minha tia foi pedida em casamento por um comerciante, filho de libanês. Meus avós se assustaram, afinal, ele não era filho da terra, era um “estrangeiro” desconhecido, talvez com outros costumes bem diferentes dos pacatos sul mineiros. E o susto foi maior ainda quando o tal pretendente irrompeu pela sala do casarão com várias peças de tecidos nos ombros que desdobrou sobre a mesa. Minha mãe contava, divertida com a situação: quando a Dona Mulata viu aquele homenzarrão com aquelas peças todas sobre o ombro, ela pensou: Nossa Senhora, guardai-nos! E o homenzarrão era um homem com alma de menino, bom que sócêvendo, como minha mãe dizia!
Conheci meu marido num site de relacionamento há quase vinte anos. Não tenho vergonha de contar que foi pela internet. Bem que eu fiquei esperando o príncipe encantado chegar num carrão bonito com cara de príncipe e modos de príncipe e bater à minha porta. Como o tempo foi passando e nada do príncipe aparecer, percebi que teria que sair à luta ou à caça. Para sobreviver temos que nos adaptar aos tempos modernos, isso é fato. Mãos à obra!
Então, chegou a hora de trocar fotos. Eu vasculhei todas minhas fotos para escolher a mais bonita e mandei. E ele mandou a sua. Ah meu Deus! Quando eu vi aquele homem com chapéu de cangaceiro e um facão na cintura, na beira de um lago, pensei: tô fora! E só não desisti mesmo porque minha irmã e minha grande amiga pegaram pesado comigo. Minha irmã olhou bem para a foto e falou: Misa, o sorriso dele é lindo! É verdade que eu não havia reparado porque procurava, em vão, a cara de príncipe e modos de príncipe. E minha amiga me disse: Misa, deixa de ser enjoada, é um homem simpático, com um sorriso lindo. Põe a foto do Príncipe Charles ao lado da dele: compara, nunca, nunca que o Príncipe Charles tem este sorriso porque este sorriso só tem quem é de bem com a vida. Capitulei. Já não havia mesmo muito tempo para ficar esperando o príncipe.
Pois é, quem diria que aquele homem seria o meu príncipe! Quem diria que eu escreveria uma crônica com o título “O Príncipe” em que, emocionada, eu enumero as qualidades do verdadeiro príncipe:
“Nunca chegou até mim sem estar acompanhado de uma gentileza inigualável, daquelas que só príncipes encantados são credenciados para ter. Também faz comida cantando, me abraça apertado para dar bom dia, e acha graça quando corro de baratas. Ele me conhece, me consola, me conforta e me convence.”
E depois, com o tempo, descobri que ele, além de príncipe, é da Linhagem de Davi! E aquele sorriso perdura, é de um homem de bem com a vida! A Sandra tinha razão.
Só para arrematar, eu dou um conselho às desavisadas: cuidado com os falsos príncipes! Têm cara de príncipe, modos de príncipe, mas não são príncipes!