“Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente, pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz.
Se eu tivesse um pedaço de vida, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse, regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e não deixaria passar um dia sem dizer às pessoas: te amo, te amo!
Aos homens, lhes provaria que estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar. A uma criança, lhe daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha. Aos velhos, ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento.
Aprendi que todo mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa. Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se. São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas, finalmente, não poderão servir muito porque quando me olharem dentro dessa maleta, infelizmente estarei morrendo.”
São palavras que todos acham tristes, mas, até que ponto, depende do ponto de vista. Sabemos que o pecado é o maior inimigo à nossa salvação, portanto, aqueles que partem para a vida eterna em estado de graça, acabam tendo uma grande recompensa após a morte. Por exemplo, quem reza o terço diariamente, acaba sendo abençoado por Nossa Senhora e não ficará no purgatório pagando os seus pecados veniais – promessa feita pela Virgem Maria ao beato Alain de la Roche.
Portanto, quem tem fé sabe que, cumprindo os mandamentos de Deus, nosso Divino Pai nos concederá um lugar definitivo no céu. O próprio Jesus Cristo disse textualmente: “Se guardares os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu guardei os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor.”
Quem não souber por onde começar a ganhar o céu, pode seguir o conselho de Madre Tereza de Calcutá: “O fruto do silêncio é a oração; o fruto da oração é a fé; o fruto da fé é o amor; o fruto do amor é o trabalho.”
Refletindo nestas palavras, proponho que cada um comece uma vida nova transformando o seu próprio coração: pedindo diariamente a Jesus que lhe dê um coração manso e humilde semelhante ao Dele. Ao conseguir essa graça, é importante introduzir mais oração no seu cotidiano e começar a ajudar aquele necessitado que se encontra mais próximo. Lembre-se, você também, que é agradável a Deus oferecer os seus dons – que Ele gratuitamente lhe deu – a quem mais precisa de ajuda.
E para completar as citações feitas neste texto, lembro as palavras do nosso querido Antonio Frederico Ozanam – fundador da Sociedade de São Vicente de Paulo: “É no presente onde se situam as nossas obrigações e no passado – onde repousam as nossas recordações – que reside o futuro, onde se dirigem as nossas esperanças.” Significa dizer que quem planta a Palavra de Deus, colhe muitas graças em sua vida.
Vamos oferecer o tempo de vida que nos resta à construção de um mundo melhor, onde a oração, o amor e a caridade prevaleçam entre os cristãos. E para continuar nos caminhos de Jesus e de Maria, lembre-se desta história:
Um velho homem vendia balões de gás numa quermesse e, por um descuido, deixou escapar o balão azul, que subiu até desaparecer no céu. Um menino negro, olhando para os outros balões, perguntou ao vendedor: ‘Se o senhor soltasse o balão preto, ele também subiria tão alto assim?’ E o velho respondeu: ‘Talvez até mais, meu filho, pois não é a aparência, mas o que está dentro dele que o faz subir.’
Paulo R. Labegalini
Vicentino, Ovisista e Cursilhista de Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).