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As maritacas

Publicado por Misa Ferreira em 14/05/2013
Ninguém reparava, mas as maritacas estavam sempre por ali, voando baixo, de um telhado para outro, de uma beirada de sótão para uma árvore. Só o Jorge que via. Chegava cedinho pro trabalho de pedreiro e observava o casal de aves (se bem que ninguém podia dizer com certeza se eram fêmeas ou machos) se refestelando na fruta do conde da árvore que o patrão se recusou a cortar, que Deus o abençoe. Elas já nem se assustavam, bicho e homem podem conviver bem quando o segundo não está atacado. Depois que comiam, elas cantavam sonoramente, numa alegria pura de criaturas de Deus, de quem não precisa de muita coisa para ser feliz. Do canto sonoro passavam para um berreiro que Jorge tinha até que aumentar o volume do rádio, não sem antes passar uma descompostura nelas, ?que quê isso, gente? Ô sôoo, tem dó?. Depois voavam, iam e vinham, acostumadas ao barulho e agitação da cidade.

Numa tarde de inverno foi um Deus-nos-acuda. Jorge chegou e viu as maritacas se debatendo em pânico total. Estavam enroscadas numa linha de cerol, dessas que os meninos usam para soltar e cortar pipas. Completamente enroladas e impedidas de voar, foram parar num beirada de sótão da velha casa ao lado. Gritavam tanto que os carros pararam, o caminhão de cimento parou de fazer aquele barulho infernal e Jorge se preparou para a operação de reconhecimento e resgate. Logo começou a ajuntar gente. O pedreiro pôs a escada e foi subindo já um pouco nervoso porque a platéia aumentava a cada momento. Uns gritavam, “cuidado! Será que ele consegue? Quer ajuda?” E Jorge subia, pensando na imagem de bombeiro herói que sempre sonhara ser. Emocionado, chegou até às maritacas. Elas, assustadas, recusavam-se a serem tocadas, mesmo pelo amigo que já conheciam. Com muita dificuldade, ele foi tirando uma, depois outra. Teve que cortar a linha, mas a maritaca estava apavorada e bicava a mão de Jorge. Ele desceu com a ave assustada e deixou a outra lá em cima esperando.

Lá embaixo, a platéia se aglomerava. Ia passando um, parava e perguntava o que estava havendo, depois outro. Não faltaram celular, flashes e filmes. Toda a operação de salvamento foi gravada e dizem que até colocaram no “youtube”. As clientes da médica em frente saíram todas da clínica para assistir ao resgate. Quando Jorge desceu com a primeira maritaca, um pouco ferida, logo se apresentaram voluntários para cuidar da bichinha, até a médica veio de branco, com avental e tesourinha. Depois Jorge desceu com a segunda ave, sob aplausos sonoros da multidão. Esta estava mais ferida e mais amarrada na linha. Já nem se debatia, talvez estivesse em estado de choque. Médica, assistentes e platéia ente “óóósss e coitadinhas”, faziam de tudo para que as maritacas se recuperassem. Logo após serem cuidadas e paparicadas, voaram com dificuldade.

Por muitos dias Jorge não viu mais as amigas maritacas. Depois de algum tempo apareceu uma delas, sozinha. A outra, só Deus sabe, vai que não superou o golpe. Do acontecimento resultou que Jorge teve a namorada de volta. Emocionada com a coragem do rapaz, a moça aceitou reatar o relacionamento. Ele feliz, ainda pensava na possibilidade de seguir a carreira de bombeiro e logo se casar.

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