Por André Medeiros, Moisés Vassallo, Victor Valério/Grupo Denarius
Cada dia mais se ouve falar em bancos digitais e fintechs. Por isso vamos esclarecer de forma suscinta o que são estas instituições, como podem nos beneficiar como parceiras de apoio a nossa vida financeira e onde podem falhar.
Pode-se dizer, de forma simplificada, que bancos digitais fornecem serviços muito parecidos com os ofertados pelos bancos tradicionais, mas sem a intermediação de funcionários lotados nas tradicionais agências bancárias. Todo contato com o banco é feito por meio de dispositivos eletrônicos conectados à internet. As fintechs por sua vez são empresas que também ofertam serviços financeiros, só que com regulamentação específica e com limitações de possibilidades e produtos quando comparadas com bancos. As fintechs não podem ofertar todos os serviços financeiros que um banco pode ofertar[1].
Portanto, um ponto importante para entender o sucesso deste tipo de instituição financeira é entender como está o nível de engajamento dos brasileiros com tecnologias online. Neste sentido trazemos alguns números interessantes: com o avanço das tecnologias de comunicações e de informática temos no Brasil em 2019, 230 milhões de linhas de telefones celulares habilitadas[2], ou seja, mais números de celulares do que pessoas (a população estimada do Brasil neste ano é de 209 milhões de habitantes[3]), sendo que parcela expressiva destas linhas telefônicas estão associadas a smartphones[4], ou seja, dispositivos eletrônicos inteligentes capazes de facilitar o acesso da população a serviços. Se considerarmos, além dos smartphones, os computadores, notebooks e tablets atinge-se 300 milhões de dispositivos eletrônicos capazes de facilitar o acesso a serviços financeiros[5].
Exposta a facilidade de acesso que a população brasileira tem a serviços digitais, pode-se questionar se há algum dificultador para esta mesma população acessar os serviços bancários tradicionais ofertados pelas agências físicas e correspondentes bancários. Basta uma rápida pesquisa pelos números da bancarização brasileira para concluir que acessibilidade não é o maior dos problemas para o acesso da população ao sistema bancário. São mais de 21 mil agências espalhadas por todo o Brasil e quase 200 mil correspondentes bancários. Toda esta estrutura dos bancos tradicionais atende 100% dos municípios brasileiros. Ou seja, não existe um único município no país que não possua um posto de atendimento bancário.
Dito isto, então a questão que buscamos responder é: o que faria a população migrar o consumo de serviços financeiros dos bancos tradicionais com estrutura física para os chamados bancos digitais ou fintechs? Alguma discussão pode se desevolver em torno das preferências da população por resolver seus problemas bancários sem precisar conversar com pessoas ou se deslocar até agências físicas, a impessoalidade pode ser desejada por alguns, principalmente pelos mais jovens, mas também pode-se argumentar que muitas pessoas preferem os relacionamentos pessoais, o contato e relação de confiança entre o cliente e seu gerente de conta, por exemplo. Difícil é pautar esta discussão em números objetivos e controlados sobre as preferências dos usuários de serviços bancários.
No entanto, um ponto é pacificado e será o de maior destaque para o nosso painel desta semana. Os custos operacionais dos bancos digitais são bem menores do que os dos bancos tradicionais com agências espalhadas por todo o país. Com relação aos custos dos bancos digitais pode-se afirmar que:
Todos estes fatores são importantes redutores de custos bancários. Um trabalho de conclusão de curso de graduação recentemente orientado e apresentado no âmbito do grupo Denarius na UNIFEI destacou que dentre os custos operacionais do sistema bancários brasileiro as despesas administrativas são o segundo de maior relevância[6], portanto, se reduzidos podem impactar de forma significativa os custos totais de um banco.
Gráfico: Composição dos custos bancários. Indicador de Custo de Crédito.
Fonte: Relatório de Economia Bancária (2017). Banco Central do Brasil.
Com parcela expressiva dos custos operacionais reduzidos pelos bancos digitais os valores cobrados pelos serviços que ofertam, podem ser menores. E isto é verificado de fato. O Banco Central do Brasil emite listas de custos de serviços financeiros ofertados por todos os bancos do país[7]. Uma rápida visita a esta lista permitirá ao interessado notar que os custos médios dos serviços financeiros tradicionais, com exceção dos custos de empréstimos, são menores nos bancos digitais. Os bancos digitais levam vantagem no que costumamos chamar de tarifas bancárias. Dentre os serviços que são isentos de tarifa ou possuem custos bem menores do que os dos bancos tradicionais, quando falamos de bancos digitais, pode-se destacar a emissão e manutenção de cartões de crédito e débito, transferências online (DOC e TED), emissão de boletos, manutenção de conta corrente com destaque para contas de pessoas jurídicas, saques em terminais de autoatendimento, depósitos, entre outros.
Se você tem facilidade com dispositivos eletrônicos, não se importa com a impessoalidade na hora de lidar com o seu ofertante de serviços financeiros e busca reduzir seus custos de manutenção de conta bancária os bancos digitais podem ser boas opções e convidamos vocês a pesquisarem um que atenda da melhor forma as sua necessidades. Por outro lado, se você considera importante uma relação mais personalizada com seu banco e o atendimento presencial, a rede bancária tradicional ainda pode ter vantagens.
Em breve discutiremos sobre mais uma modalidade de instituição financeira que vem ocupando espaço no mercado financeiro por oferecer boas taxas de rentabilidade para os investidores e menores custos para os tomadores de crédito. As chamadas cooperativas de crédito!
Prof. Dr. André Luiz Medeiros
Prof. Dr. Moisés Diniz Vassallo
Prof. Dr. Victor Eduardo de Mello Valerio
DENARIUS – Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento em Educação Financeira
Instituto de Engenharia de Produção e Gestão (IEPG)
Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI).
O painel de educação financeira é uma parceria do programa Conexão Itajubá com o Grupo Denarius da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI).
https://www.facebook.com/denarius.unifei/
Apaiodares:
Central Solar Soluções em Energia:
https://www.facebook.com/centralsolarsolucoes/
(35) 99117-2459
[1] Quem se interessar pelo assunto e quiser saber quais os tipos de serviços financeiros mais comuns que podem ser ofertados por uma fintech ao consumidor final visite a resolução do Banco Central do Brasil, que regulamenta estas instituições: https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/downloadNormativo.asp?arquivo=/Lists/Normativos/Attachments/50579/Res_4656_v1_O.pdf
[2] Fonte ANATEL.
[3] Fonte IBGE.
[4] A Fundação Getúlio Vargas estima em pesquisa recente que estão em poder do público cerca de 120 milhões de smartphones.
[5] Pesquisa do IBGE revelou que 116 milhões de brasileiros se conectaram a internet durante o ano de 2016, sendo que a maioria usou smartphones para navegar. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua, a PNAD-C.
[6] Muito embora os dados sejam referentes aos custos de concessão de crédito, os demais custos bancários estão intimamente associados a mesma estrutura bancária, uma vez que não há distinção dentro da estrutura de um banco dos custos de serviço de concessão de crédito e demais serviços financeiros.
[7] Disponível em: https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/legado?url=https:%2F%2Fwww.bcb.gov.br%2Ffis%2Ftarifas%2Fhtms%2FSegmentoServicos11.asp%3Fidpai%3DTARBANRANK