BOLSA DE VALORES BRASILEIRA ATINGE A MÁXIMA HISTÓRICA. MAS O QUE ISSO QUER DIZER?
Olá pessoal!
A notícia dos jornais ontem (quinta-feira, 14/12/2023) destacou o que alguns estão chamando de acontecimento do ano no mercado de capitais brasileiro. O Índice Bovespa (ou Ibovespa), que é o indicador mais importante do desempenho médio das cotações das ações negociadas na bolsa de valores brasileira (Brasil, Bolsa, Balcão – B3), ultrapassou os 130 mil pontos e registrou um novo recorde histórico nominal de negociação, com 131.259 pontos. Ou seja, essa é uma marca importante, considerando que nem nos melhores momentos da economia nacional o Ibovespa havia atingido esse volume de negociação.
Então você deve estar se perguntando: mas o que esse resultado do Ibovespa tem a ver comigo? Por que preciso dar atenção a essa notícia? Qual o significado para a minha vida, se eu sequer sei o que a bolsa de valores faz?
Em uma análise bem simplista e superficial, podemos afirmar categoricamente que esse resultado não mudará em nada a sua vida pessoal. Se você não aplica na bolsa de valores, certamente você não receberá diretamente nada. Mas essa é a única análise que podemos tirar desse resultado? Bem, para essa segunda pergunta a resposta definitivamente é não. Portanto, esse resultado vai muito mais além do ganho direto que você poderia ter com o aumento da atividade na bolsa de valores.
O primeiro item que podemos tratar está relacionado com o mercado internacional. Como já comentamos em painéis anteriores, as economias mundiais estão intimamente conectadas. Assim, qualquer oscilação no mercado global gera, quase que instantaneamente, resultados nos mercados locais, como é o caso do Brasil. Portanto, alguns eventos globais contribuíram para o resultado da bolsa brasileira, dos quais destacamos:
- Inflação mundial sob controle.
- Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve – Fed) manteve a taxa de juros americana no patamar entre 5,25% a 5,5% e indicou a possibilidade de pelo menos três cortes na taxa de juros em 2024. Situação que sinaliza aos investidores a necessidade de procurar outros mercados com maiores taxas de retorno e, consequentemente, assumir mais riscos.
- Os Bancos Centrais da Inglaterra (BoE) e Europeu (BCE) também optaram por manter as taxas básicas de juros nos mesmos patamares atuais que são, respectivamente, 5,25% e de 4% a 4,75% ao ano.
Além dos fatos internacionais, nacionalmente também tivemos alguns acontecimentos econômicos relevantes, dos quais destacamos:
- Inflação, segundo estatísticas oficiais dentro da meta estabelecida (tal como está ocorrendo no cenário internacional).
- Com a inflação sob controle, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Taxa Selic em 0,5%, indo para 11,75% a.a. Adicionalmente o Copom sinalizou novas reduções da taxa, aumentando o otimismo em relação a situação monetária nacional.
- Toda essa movimentação, resultou na redução da cotação do dólar. Resultado que pode ter sido o resultado da entrada da moeda americana no mercado nacional, em especial na Bolsa de Valores.
Como se pode notar que há uma tendência internacional de redução das taxas de juros. Isso indica que haverá uma redução nos rendimentos de renda fixa. Ou seja, se você conseguiu fazer aquela reserva financeira e aplicou o seu dinheiro em CDB, LCI, LCA ou até mesmo em títulos do Governo, sua rentabilidade tende a ser menor daqui para frente. Assim, para que você aumente a sua rentabilidade, será necessário correr um pouco mais de risco. E é exatamente isso que ocorreu ontem, quando a Bolsa bateu o recorde. Uma quantidade significativa de investidores migrou suas reservas para ativos com mais risco, visto que as aplicações de menor risco passarão a apresentar menor remuneração a médio e longo prazo.
Espero que tenham gostado do nosso painel!
Abraço e até o próximo!
AUTORES: Prof. Dr. André Luiz Medeiros e Prof. Dr. Moisés Diniz Vassallo
