Temos falado muito de como os cavalos podem ser versáteis. Com um cavalo de qualquer raça, você pode saltar, praticar enduro, fazer prova de tambor, cavalgar por aí e ainda atrela-lo a uma charrete. Se seu cavalo pode fazer tudo isto, você deve se orgulhar dele e de você também por ter acreditado que ele tem potencial para todas estas modalidades.
Porém, assim como em todos os esportes, existem diversas modalidades de práticas eqüestres e para cada uma delas existe um cavalo indicado, ou seja, um especialista.
Durante séculos o homem se empenhou em formar raças de cavalos que satisfizesse
suas pretensões bélicas e esportivas.. Formou-se raças de cavalos de guerra, de corridas, de atrelagem, de tração, de salto, de rédeas, de marcha, de tambor e muitas outras. Cada linhagem tornou-se especialista em sua função especifica . Um cavalo de corridas, de raça Puro-sangue Inglês, não consegue se sair bem em uma prova de tambor assim como um cavalo de apartação de raça Quarto de Milha não se dá bem um provas de salto. O Puro-sangue Inglês é um cavalo alto, esguio de temperamento sanguíneo e explosivo, por isso não teria a calma e a concentração de um quarto de milha de rédeas, que é um cavalo calmo, mais concentrado. Assim como um atleta de uma modalidade esportiva, o conjunto, cavalo e cavaleiro deve estar focado no objetivo e exercer outra modalidade paralela pode desviar do foco principal. Existe uma modalidade eqüestre que agrega três funções para um mesmo conjunto que é o CCE, concurso completo de equitação que envolve um concurso de hipismo, de adestramento e horsecross. Mesmo assim os cavalos que competem nesta modalidade são especialistas e uma raça muito usada é a Anglo-árabe. Em uma mesma raça, no caso a Quarto de milha, existe uma linhagem para cada modalidade que são: rédeas, tambor, apartação, laço de bezerro e conformação. Pode ser que uma linhagem de tambor se dê bem em apartação mais é uma raridade porque o destaque sempre é da linhagem específica. Quem deseja um cavalo de rédeas sempre vai a procura daquele individuo que possui uma genética comprovada de cavalos especialistas nesta modalidade que pode oferecer mais competitividade.
È claro que exceções existem e em se tratando de cavalos tudo pode acontecer. Entre vários casos de cavalos comuns, os SRD como são chamados e que se tornaram famosos nos esportes eqüestres, tem um que é interessante. O nome do cavalo é Frufru, um cruzado de quarto de milha com mangalarga marchador. Frufru era carroceiro de um catador de papel da favela da Rocinha no Rio de Janeiro. Foi parar em uma escolinha de equitação em Teresópolis e se saiu tão bem nos saltos que de lá foi para a hípica, venceu todas as provas que participou e acabou na Europa e foi campeão europeu de saltos em pistas fechadas. É uma história emocionante e mostra como os cavalos são versáteis e podem surpreender. Assim, existe marchador que salta bem, árabe bom em provas de tambor, PSI que se dá bem em provas de adestramento, um pangaré que se destaca em concursos internacionais e muitas outras estórias do gênero.
Pode ser que a humanidade tenha inventado todas estas raças e toda esta diversidade de modalidades equestres por motivo comercial, que seja, o fato é que , salvo algumas exceções é certo que quem vai competir sempre procura um especialista. Como eu ia dizendo, se você não é um competidor pode continuar a se orgulhar de seu cavalo, qualquer que seja a raça, que faz tudo que você deseja fazer, mais sempre é bom lembrar que para competir, cada macaco no seu galho.