Fiquei pensando nos exemplos que conheci e conheço para atestar a verdade da proposição de Oscar Wilde. Considerei que uma média de 80% bate na pinta! É claro que tem que ter uns 20% para fugir à regra, pois toda regra tem exceção. Tudo e todos fogem à regra na vida. Tive um tio que adorava sua mulher. Foi um amor avassalador e ela morreu muito nova, pouco depois de ter tido o filho que mal pôde se lembrar da mãe. A cidade inteira quis se casar com meu tio, desde viúvas, solteiras, separadas e dizem que até casadas. Ele não aceitou ninguém. Morreu velhinho e só, mas muito depressivo, viu? Antes não tivesse fugido à regra.
Mas meu tio não serve de parâmetro. Os anos de casados foram tão poucos que não houve tempo para aquela decepçãozinha costumeira que acontece em todo relacionamento, algo tipo um “batismo”, assim como quando compramos um carro zero e ficamos aliviados com o primeiro arranhão. Seu casamento ainda era perfeito demais.
Falo mesmo é de casamentos de anos e anos quando um perde o outro. Oscar Wilde estava certo. Muitas mulheres que haviam sido “quite happy” durante o tempo de casadas, mantiveram-se fidelíssimas ao falecido, não aceitando nenhuma proposta de casamento. Ficavam até ofendidas. Soube de uma que disse ao pretenso pretendente: O que é isso? Sou mulher de um homem só. Enfim, as mulheres que foram felizes no casamento sentem-se satisfeitas com sua cota de felicidade preenchida, e não veem necessidade de repetir a dose.
No entanto, as que não foram felizes, vivendo uma penosa relação matrimonial, tão logo ficam viúvas, tiram o luto rapidinho e saem a aproveitar a vida. Minha mãe citava vários exemplos. Um deles era de uma mulher triste, sempre com roupas escuras. Logo depois, quando pôde ter acesso ao dinheiro sempre trancado a sete chaves pelo marido, reformou a sala de estar e não raro, aparecia na missa com uma saia nova, mais colorida, mais alegre. Esta viúva em questão não se casou de novo, apenas se limitou a usufruir de sua liberdade. Há que se considerar que a cultura de 50 anos atrás também não era favorável para uma viúva já sair flertando livremente, mas o desejo permanecia recatado dentro de seu coração. Outras mulheres mais corajosas tentam sua sorte, embora receosas de não serem felizes novamente em outro casamento recheado de vicissitudes. É que elas não querem se sentir como se tivessem apenas preenchido uma lacuna. Justíssimo. Têm mais é que tentar.
Já os homens, felizes durante o primeiro casamento, querem sempre repetir a dose, arriscam. Ser feliz de novo é uma loteria. Felicidade em dois casamentos? Bem, pode ser, mas se um casamento já é difícil, imagine dois! Porém eles insistem, tratam de conhecer novas parceiras, ávidos pelo convívio a dois. Às vezes se arrependem, até separam. Mas não desistem, arriscam a sorte num novo casamento.
É. Que homens e mulheres são diferentes, nada a contestar. Tirando as poucas exceções, Oscar Wilde tinha razão, as mulheres tentam sua sorte, os homens arriscam a sua. Meu marido arriscou e acertou.