Painel da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) concluído nesta sexta-feira (1º), após dois dias de julgamento, decidiu pela não culpabilidade dos nadadores Cesar Cielo, Nicholas Santos e Henrique Barbosa, do Flamengo, e Vinícius Waked, do Minas Tênis, flagrados no exame antidoping por uso da substância furosemida, geralmente encontrada em diuréticos.
O fisiatra e médico do esporte Cláudio Cardone, integrante do painel, disse à Agência Brasil que os quatro atletas apresentaram provas suficientes que demonstraram que, na realidade, havia uma contaminação de um suplemento que foi manipulado em farmácia. “Eles apresentaram provas documentais de que foi uma coisa que não caracterizou nem negligência, nem imperícia, nem imprudência, que seriam as formas de se atribuir uma culpa nesses casos de doping. Isso não ficou caracterizado. Pelo contrário”.
A decisão, com base nas leis e regulamentos que regem o esporte, resultou na aplicação de uma advertência e na perda dos pontos obtidos pelos atletas no dia da competição do Troféu Maria Lenk, no Rio de Janeiro, em maio deste ano. “Isso é lei. Qualquer substância que esteja fora do padrão e seja encontrada na urina de qualquer atleta, automaticamente, ele perde os resultados daquele dia. Isso é uma punição automática. Não precisa nem do painel. O painel só corrobora essa punição”, disse Cardone.
O médico destacou que a decisão do painel técnico da CBDA foi unânime. O caso será encaminhado agora à Federação Internacional de Natação (Fina), que poderá acatar a decisão ou estabelecer outra punição. Cardone acredita que a decisão do painel deverá ser mantida pela Fina, mas ressaltou que “sempre pode haver a contestação”.
Segundo o especialista, o fato de os atletas terem sido pegos no exame antidoping não irá prejudicar a imagem deles ou da CBDA. “A gente considera que foi um acidente, que pode acontecer com os atletas”.
Procurada pela Agência Brasil, a empresa pública Correios, patrocinadora oficial da CBDA, informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o episódio não vai alterar as relações com o esporte. “O patrocínio dos Correios à CBDA já dura mais de 20 anos e tem como um dos objetivos apoiar o desenvolvimento dos esportes aquáticos no Brasil, entre outros. Dessa forma, o episódio citado não altera a relação entre Correios e CBDA”, diz a nota.
O nadador César Cielo, campeão olímpico e mundial de natação, declarou, por meio de nota, que sempre foi sua preocupação evitar qualquer medicamento que prejudicasse o seu desempenho. “Acredito que todo mérito de um atleta seja resultado de muito treino, dedicação e seriedade. Tenho a convicção de que todos os resultados que conquistei na minha carreira sigam esses pilares”.
Ele esclareceu, ainda, que realiza controles constantes, tendo sido testado cinco vezes, somente este ano. “Fiz, inclusive, teste de sangue na França, durante o Aberto de Paris. Passo por controles periódicos e sou um dos atletas que integram o programa de rastreamento da Fina, o que significa que preciso sempre informar a entidade cada vez que me desloco. Posso ser testado a qualquer momento, em qualquer lugar. São as regras do jogo e eu sempre soube disso”.
Cielo disse ter a consciência tranquila de que não fez uso de nenhum procedimento ilegal para melhorar de forma artificial o seu desempenho. E completa a nota, explicando que decidiu esclarecer os fatos “pelo respeito, pela confiança depositada em mim e consideração que tenho pelos brasileiros e a comunidade da natação e do esporte”.
Edição: Aécio Amado
Fonte: Agência Brasil