A transformação de clubes de futebol em sociedade anônimas (SAF) é algo que há muitos anos se comenta no Brasil. A regulamentação da lei Nº 14.193, de 06 de agosto de 2021, que Instituiu a Sociedade Anônima do Futebol e dispõe sobre normas de constituição, governança, controle e transparência, meios de financiamento da atividade futebolística, tratamento dos passivos das entidades de práticas desportivas e regime tributário específico e alterando as leis anteriores modernizando as condições para que um clube associativo se transforme em empresa de sociedade anônima. Nesse sábado, o mundo do futebol se surpreendeu com a carta de intenções assinada pelo presidente do Cruzeiro Esporte Clube de Minas Gerais e o ex-atleta de futebol Ronaldo Nazário (o fenômeno). Uma transação que envolve 400 milhões de reais em um clube gigante do Brasil, mas que foi roubado por sorrateiros revestidos de torcedores. A situação do Cruzeiro era tão dramática que não sobraram alternativas que não fosse à injeção de capital, mas pelo volume de dinheiro necessário, não teria outra maneira que não fosse à compra de parte do clube. Para isso houve a necessidade de mudança no modelo de pessoa jurídica. A torcida do Cruzeiro encheu-se de expectativas em relação a essa injeção de capital. Muita calma nessa hora, mas para quem estava sem quaisquer perspectivas futuras, acende-se uma luz ao fim do túnel. Sou administrador de formação e especialista em negócios, mas vejo que no caso de futebol, há necessidade de muito cuidado quando um clube se transforma em empresa. A busca por maiores retornos financeiros pode comprometer a parte mais social de um clube que é o torcedor. Já temos casos de grandes clubes na Europa em que a torcida reclama dos donos do clube em função de insatisfação com a condução do clube, pois a torcida sente paixão e os donos sem grandes vínculos afetivos sentem necessidades de maiores lucros. Corremos o risco de fragmentar as camisas que amamos em planilhas de custos e benefícios e também existe uma tendência de que esse fator cause um aumento nos preços de ingressos, elitizando ainda mais as arenas de futebol. Mas não sou contra essa mudança, e sim cuidadoso ao analisar esses fatores. Precisamos avançar mudando sempre desde que as mudanças sejam melhores para todas as partes interessadas.
Pelo menos essa é a minha opinião!