Brasília – Duas semanas depois de ter entrado em vigor o aumento de 2% para 3% de biodiesel na mistura com óleo diesel, os consumidores já podem sentir os reflexos nos postos de combustíveis. Segundo levantamento semanal da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o litro de diesel, que custava em média R$ 2,05 na última semana de junho, chegou a R$ 2,09 na semana passada.
O aumento dos preços pode ser explicado pelo fato de o biodiesel custar mais que o dobro do diesel mineral para as distribuidoras. De acordo com a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis Lubrificantes (Fecombustíveis), enquanto o óleo diesel custa R$ 1,51, o biodiesel está na faixa de R$ 3,20.
Para o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda, o momento não era apropriado para aumentar a quantidade de biodiesel na mistura, por causa da alta no preço da soja, principal matéria-prima do produto. “Com a grande alta da soja, devido ao aumento da demanda mundial, o preço do biodiesel subiu muito no mercado”, afirmou Miranda. Para ele, a única vantagem da mistura é garantir o abastecimento, já que o Brasil ainda não é auto-suficiente na produção de óleo diesel e o consumo é cada vez maior.
Miranda disse que o aumento de preços concedido pelas distribuidoras foi repassado quase integralmente aos consumidores, pois a margem de lucro dos postos nesse combustível é baixa. “Já tínhamos margens muito deprimidas, e não foi possível absorver esse aumento dado pelas distribuidoras e pelos produtores.”
O vice-presidente executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz, garantiu que as distribuidoras estão preparadas para aumentar o percentual de biodiesel na mistura e que não há risco de desabastecimento. Ele considera a medida positiva por aumentar o número de produtores de biodiesel em operação.
Para Vaz, ainda é cedo para avaliar se os R$ 0,04 terão reflexos no preços dos fretes. “Isso só o mercado vai poder dizer. Já existe uma pressão forte de demanda sobre o transporte, que naturalmente tenderia a fazer com que o frete se elevasse.”
A determinação do Conselho Nacional de Política Energética de elevar de 2% para 3% o volume de biodiesel a ser adicionado ao óleo diesel convencional entrou em vigor no dia 1º de julho. Com isso, a previsão de produção anual de biodiesel passou de 880 milhões de litros para 1,2 bilhão de litros.
O último aumento no preço do óleo diesel foi de 15% nas refinarias, anunciado em maio deste ano. Na ocasião, a previsão do governo era de que o reajuste final do combustível para o consumidor seria de 8,8%.
Fonte: Agência Brasil