Carlos Bernardo González Pecotche, autor da Logosofia, afirma que, ao nos dispormos a aperfeiçoar o nosso modo de ser, devemos iniciar uma jornada pelo nosso mundo interno, onde vamos encontrar, na entrada, esta inscrição: “Quem quiser chegar a ser o que não é, deverá principiar por não ser o que é”. González Pecotche recomenda anotar a data em que decidimos seguir a rota do próprio aperfeiçoamento.
Em 1984 eu decidi “deixar de ser” o que eu era para ser alguém melhor. O que era eu naquela época? Uma jovem que aspirava atuar com acerto e ajudar as pessoas; uma esposa e mãe de dois filhos pequenos, não sabendo ao certo como conduzir a própria vida e a família. Eu queria muito deixar de ser insegura na condução da minha vida, dirigindo corretamente tanto o aspecto individual dela quanto o familiar.
Mas como deixar de ser insegura a respeito da própria vida e chegar a ser mais confiante e consciente?
A Logosofia chegou a mim como um alento, trazendo a esperança de conseguir superar a falta de conhecimentos a respeito desses aspectos tão delicados e urgentes naquele momento.
Os primeiros passos foram de muita observação interna e de cultivo da paciência, pois fui descobrindo que para chegar a esses objetivos eram necessários, além de muito estudo, empenho e dedicação, muita paciência para não desanimar no início da caminhada.
Eu descobri que era muito impaciente, mas ao mesmo tempo, passiva. Eu queria que as coisas acontecessem rapidamente e sem muito esforço da minha parte. Sendo passiva, eu acreditava que era paciente. Essa descoberta foi muito importante para o meu processo de deixar de ser uma pessoa insegura e sem conhecimento a respeito de si mesma, para chegar a ser alguém consciente da realidade humana.
Como a Logosofia me tem ajudado a ir deixando de ser impaciente e passiva para me tornar paciente e ativa?
Ela me tem ensinado que a impaciência é um pensamento negativo que se manifesta de diferentes modos na psicologia humana. No meu caso, ele se manifestava como pressa. Alterava o meu ânimo, a minha disposição e trazia agitação interna. Esse pensamento descontrolava o meu humor, deixando-me triste, roubando o meu entusiasmo e a expansão do meu ânimo.
Fui compreendendo que a impaciência é uma deficiência psicológica que cria, artificialmente, a angústia do tempo, impedindo a manifestação da calma interna. Para a superar, é necessário instituir na mente um pensamento positivo — o da paciência inteligente.
“A paciência, como virtude, deve ser ativa e consciente. Para dotá-la de tais qualidades, é necessário estabelecer uma ordem no domínio das realizações, porque a elaboração de um plano há de preceder à condução paciente e inteligente do esforço que deve intervir em sua execução. Essa paciência há de acompanhar o ser até o resultado final, por ser a energia que sustém o esforço até sua feliz culminação”, afirma González Pecotche.
Aos poucos, fui aprendendo a observar os meus estados internos, prestando atenção em como a impaciência se apresentava e aplicando os ensinamentos logosóficos no seu enfrentamento e controle. Hoje, observo-me mais calma e muito mais ativa.
Sinto e compreendo que esse processo de deixar de ser impaciente para chegar a ser paciente é longo, requer muito estudo e registro das experiências com a aplicação dos ensinamentos.
É pela observação consciente que posso avaliar se estou conseguindo aplicar com acerto o princípio da evolução consciente, ou seja, se estou deixando de ser aquilo que me desagrada para chegar a ser quem almejo ser.
A Logosofia também me tem ensinado que a evolução deve ser integral e não só em alguns aspectos da vida. O processo de deixar de ser alguém com características, estados e modalidades inferiores é para toda a existência e não apenas para o momento presente.
Um pensamento de Aldenan Lima Ribeiro